Por Jack Phillips
O mar de Aral, uma vez o 4º maior lago do mundo, está quase que completamente seco – mas é principalmente um fenômeno provocado pela ação humana, descrito como “um dos piores desastres ambientais do mundo”.
Originalmente, o lago se estendia por cerca de 68116 quilômetros quadrados entre o Cazaquistão e o Uzbequistão. Entretanto, ele vem constantemente diminuindo desde a década de 1960, após projetos soviéticos de irrigação desviarem rios que lhe alimentavam, dividindo-o em 4 lagos muito menores.
Agora, somente 10% do lago original ainda existe, de acordo com a revista Scientific American.
Imagens recentes da NASA obtidas via satélite revelam sua incontida destruição, exibindo completamente seca toda a extensão de sua porção leste. Esta parte é agora oficialmente chamada de deserto de Aralkum. De acordo com a Agência Espacial dos Estados Unidos:
“Por volta de 2001, a conexão ao sul havia sido danificada, e a parte mais rasa ao leste recuou rapidamente ao longo dos anos seguintes. Recuos especialmente imensos no recôncavo oriental do mar ao sul aparentam haver ocorrido entre 2005 e 2009, quando a seca limitou e depois cessou o fluxo do Amu Darya (N. do T.: Um grande rio ne região central da Asia). O nível da água variou anualmente entre 2009 e 2016 intercalando anos mais secos e anos de melhor condição. Em 2014, o recôncavo da porção sul havia desaparecido completamente.”
Conforme o “Mar das Ilhas” (N. do T.: Nome comumente dado ao mar de Aral. Este é, na verdade, o significado em português da nomenclatura) desaparecia, indústria em suas margens foi sendo dizimada. O desemprego e as dificuldades econômicas são comuns para muitos pescadores e seus pares, enquanto, a região é intensamente poluída, desencadeando sérias questões de saúde pública.
De acordo com a UNICEF, cerca de 30.000 pessoas estavam empregadas na antiga indústria de pesca do mar de Aral. Agora, os cascos depredados e enferrujados dos navios – que encalharam durante o rápido desaparecimento do lago – estão espalhados pelo leito seco como lembretes de um pobre planejamento governamental centralizado. No deserto de Aralkum, pode-se presenciar o bizarro espetáculo de um camelo pastando ao lado de um cemitério de navios.
Os gestores comunistas tiveram a não-tão-brilhante ideia de desviar os rios Amu Darya e Syr Darya para irrigar um deserto próximo visando o plantio de algodão, o que funcionou somente por um curto período de tempo antes de seguir-se uma catástrofe ecológica. Era parte do “Grande Plano para a Transformação da Natureza” de Josef Stalin para o desenvolvimento de terras que iniciou ao fim da década de 1940.
“Não dá pra ver o sal no ar, mas você você pode senti-lo na pele, você pode senti-lo na língua”, disse uma Sra. da região à RT, a rede de televisão estatal da Rússia, referindo-se aos problema de saúde das pessoas vivendo no leito do antigo mar.
Um morador contou à UNICEF sobre sua primeira memória da águas recuando.
“Começamos a perceber uma mudança nas águas por volta da década de 1960”, disse
“A água costumava chegar até aqui quando estávamos na costa”, adicionou, apontando a seu peito. “E então pouco a pouco começou a baixar. Na década de 1980 já não havia mar aqui”.