Os açougueiros-chefes da China: Mao Tsé-Tung, Deng Xiaoping e Jiang Zemin

O regime chinês é o maior assassino entre as grandes ditaduras vermelhas, responsável por cerca de 65 milhões de mortes

Por Larry Ong
03/03/2020 22:10 Atualizado: 07/03/2020 08:08

Por Larry Ong

Crianças em idade escolar na China são ensinadas que o vermelho na bandeira do regime chinês representa o sangue dos mártires comunistas. Não há menção às dezenas de milhões de pessoas mortas pelo Partido Comunista Chinês.

De acordo com o “Livro Negro do Comunismo”, a clássica referência acadêmica quanto aos genocídios comunistas, o regime chinês é o maior assassino entre as grandes ditaduras vermelhas, responsável por cerca de 65 milhões de mortes. A União Soviética é um distante segundo lugar, contabilizando 20 milhões.

A maioria das execuções do partido ocorreu sob as campanhas políticas e econômicas de seu líder fundador Mao Tsé-Tung. Deng Xiaoping, o sucessor de Mao, esteve por detrás da chacina de milhares de estudantes e civis em busca de maior liberdade do regime na Praça da Paz Celestial.

Os assassinatos continuaram mesmo com a integração da China à comunidade internacional. A totalidade da maior campanha genocida do novo milênio, a perseguição ao Falun Gong, provavelmente só será revelada quando a mesma, deflagrada em 1999, for oficialmente encerrada. O líder chinês Jiang Zemin é o responsável por esta. Milhares de mortes por tortura e abuso vem sendo documentadas. Pesquisadores do campo da extração forçada de órgãos estimam que centenas de milhares de prisioneiros de consciência, ou mais,  principalmente praticantes de Falun Gong, foram assassinados por seus órgãos desde o ano 2000 – um crime que persiste até hoje.

Mao, Deng e Jiang efetuaram estas carnificinas em tempos de paz, inteiramente em nome da preservação do poder do partido.

Presidente Mao

Mao Tsé-Tung estava certo de que a revolução não se encerraria com a tomada da China, até então governada pelo Partido Nacionalista Chinês, pelos comunistas em outubro de 1949.

“Após nossos inimigos armados serem esmagados, ainda haverá nossos inimigos desarmados… A não ser que consideremos o problema precisamente sob essas condições, cometeremos o mais grave dos erros”, comentou ele em uma convenção capital do partido em março do mesmo ano.

O povo chinês foi alvejado na infindável luta revolucionária do partido comunista.

Setores sociais considerados por Mao como inimigos – proprietários de terras, intelectuais, “pessoas de tendência capitalista”, “simpatizantes” do partido nacionalista e mesmo quadros do partido – foram rotulados como “contrarrevolucionários”. Alguns então sofreram denúncias públicas e abuso verbal dos frequentadores das “Sessões de Luta” (N. do T.: espécie de humilhação pública, frequentemente envolvendo tortura, infligida a dissidentes do partido). Outros eram forçados a vestir chapéus com rótulos pejorativos, sendo espancados e torturados por seus antigos pares.

Mao era conhecido por estabelecer “cotas de execução” em suas campanhas políticas. Por exemplo, declarava que 10% dos quadros do partido eram na verdade “direitistas” planejando sabotar o regime, e este número seria utilizado para justificar a prisão e execução sumária, arbitrariamente, de integrantes até que a cota fosse completada.

Mao deflagrou o Grande Salto Adiante em 1959 em uma tentativa de “ultrapassar o Reino Unido” em 15 anos. Ao invés da fruição de uma era de fartura, seus grandiosos esforços de coletivização e industrialização levaram à ruína das colheitas e fome generalizada. Pesquisadores estimam o número de vítimas entre 30 e 45 milhões.

Crucialmente, o Grande Salto Adiante lançou o povo chinês à barbárie. Em Liuyang, na província de Hunan, 300 homens e mulheres foram forçados a trabalhar seminus na neve, fazendo com que um em cada sete falecesse. Pessoas foram ordenadas a trabalho escravo no campo com comida escassa. Para sobreviver, escavava-se a raiz das plantas, comia-se cintos de couro e, nos casos mais extremos, consumia-se mesmo corpos.

“A história julgará a você e a mim”, disse Liu Shaoqi, então a segunda pessoa na hierarquia do regime chinês, abaixo de Mao Tse-Tung, em julho de 1962. “Mesmo o canibalismo entrará para os livros!”.

Mao manteria magoas com Liu por suas críticas ao Grande Salto Adiante. Um ano após o início da Revolução Cultural (1966-1977) – uma campanha política destinada à restauração do prestígio ferido de Mao e à eliminação dos valores e cultura tradicionais da China – Liu foi preso.

Liu foi espancado durante grades reuniões de denúncias, e foram-lhe negados remédios, apesar de sua condição como diabético e portador de pneumonia. Jiang Qiang, a 4ª esposa de Mao, sedenta por poder, posteriormente permitiu que Liu recebesse tratamento médico, mas somente porque o desejava vivo como um alvo político a ser atacado em um congresso vital do partido em 1969. Um mês após a reunião, Liu Shaoqi, uma vez herdeiro de Mao Tsé-Tung, morreu imundo e doente, amarrado a uma cama em confinamento solitário.

‘Vinte Anos de Paz’

Deng Xiaoping buscou reverter as políticas econômicas desastrosas de Mao Tsé-Tung através da promoção da “reforma e abertura”. As reformas, no entanto, mantiveram a governança do partido comunista sobre a China intocada, conforme os estudantes chineses e o mundo souberam em 4 de junho de 1989.

Estudantes de todo o país reuniram-se na Praça da Paz Celestial a partir de 17 de abril para pontuar o recente falecimento de Hu Yaobang, um ex-secretário geral do partido que enfatizava as reformas. Os protestantes, cerca de um milhão ao auge da aglomeração, exigiam um governo mais transparente, liberdade de expressão e de imprensa, e uma participação mais democrática na vida pública. Os protestos capturaram a atenção do mundo devido à presença de jornalistas do ocidente, presentes coincidentemente em Pequim pela visita de estado do líder soviético Mikhail Gorbachev.

O lider chinês da época, Zhao Ziyang era simpático aos estudantes e a algumas de suas demandas, como o clamor pela supressão de oficiais corruptos. Mas, para o líder máximo Deng Xiaoping e outros quadros de linha dura do partido, nada menos do que a sobrevivência do regime chinês estava em jogo.

Na noite de 3 de junho e na madrugada do dia 4 de junho, o Exército da Libertação Popular (N. do T.: As forças armadas da República Popular da China) adentrou a cidade e abriu fogo contra os estudantes.

O correspondente americano Scott Savitt observou uma munição traçante (N. do t.: espécie de munição incendiária que cria um rastro luminoso atrás dos projéteis disparados) sendo disparada de rifles por soldados em direção à multidão ao seu redor. Em seu livro de 2016, “Crashing the Party: An American Reporter in China”, Savitt conta haver ligado para seu escritório para noticiar uma morte:
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“Dave”, eu digo ao ouvir a voz do meu chefe, “eles estão disparando contra a multidão e um cara morreu.”

“Como sabe que ele morreu?”

“Porque o cérebro dele está espatifado no chão.”

(Tradução nossa)
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A Cruz Vermelha da China e um embaixador da Suíça ambos estimam que entre 2,600 e 2,700 pessoas foram mortas pelas forças armadas do partido no Massacre da Praça da Paz Celestial.

Zhao Ziyang foi expurgado após a carnificina, e submetido a prisão domiciliar até sua morte em 2005. Para substituir Zhao, Deng voltou-se a Jiang Zemin, uma liderança de Shanghai, conhecido por sua seriedade com protestos estudantis lá e responsável pelo fechamento de um respeitado periódico local.

Colheita Humana

Uma década após o Massacre da Praça da Paz Celestial, Jiang Zemin decidiu suprimir uma das maiores comunidades espirituais da China porque aparentava ser mais popular que o Partido Comunista Chinês.

“É possível que nós, membros do partido comunista, municiados do marxismo e da crença no materialismo e no ateísmo, não possamos derrotar as coisas do Falun Gong? Se esse fosse o caso, não seria a maior chacota do mundo?” Jiang escreveu em uma carta inflamada ao Politburô na noite de 25 de abril de 1999.

Mais cedo naquele mesmo dia, cerca de 10,000 praticantes de Falun Gong haviam se reunido em Pequim para peticionar às autoridades centrais que libertassem 45 praticantes que haviam sido abordados e detidos na cidade próxima de Tianjin. Apesar de os praticantes manterem-se silenciosos ao longo das calçadas próximas aos escritórios da administração central, o “Zhongnanhai”, e recolherem o lixo e as bitucas de cigarro dos policiais antes de se dispersarem, Jiang sentia que aquele apelo pacífico era “o mais sério incidente político” desde o 4 de junho (N. do T.: de 1989, referindo-se ao Massacre na Praça da Paz Celestial).

Em 20 de julho, Jiang ordenou a erradicação da disciplina espiritual. Do dia para a noite, de 70 a 100 milhões de Chineses comuns, que realizavam exercícios físicos nos parques e seguiam ensinamentos de verdade, compaixão e tolerância, enfrentaram uma violenta campanha política Maoísta.

A campanha de perseguição de Jiang, que persiste até os dias de hoje, já contabiliza 4,000 praticantes torturados ou espancados até a morte, de acordo com uma estimativa ainda incompleta do Minghui.org, um centro de esclarecimento contendo informação de primeira mão sobre a perseguição. Acredita-se que o real número de vítimas seja substancialmente maior.

Pesquisadores apontam também que o regime chinês vem obtendo lucro a partir da extração forçada de órgãos dos praticantes de Falun Gong em centros de reclusão. Os praticantes, ainda vivos, não sobrevivem ao procedimento. É provável que centenas de milhares tenham sido mortos desta forma, nas mãos de médicos, de acordo com evidências do advogado especializado em direitos humanos David Matas, do ex-parlamentar canadense David Kilgour e do jornalista investigativo Ethan Gutmann.

Estima-se que o comunismo tenha provocado a morte de pelo menos 100 milhões de pessoas, ainda assim, seus crimes não foram compilados em sua totalidade e sua ideologia ainda persiste. O Epoch Times busca expor a história e os dogmas deste movimento, o qual tem sido uma fonte de tirania e destruição desde a incepção.