Conflito de classes: a moralidade invertida do comunismo

"Aqueles que podem renunciar à liberdade essencial para obter um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança"

20/03/2019 20:46 Atualizado: 20/03/2019 20:46

Por Cid Lazarou

Em sua essência, o comunismo inverte a sociedade de duas maneiras: a primeira, distorcendo os elementos da verdade. O segundo, através de mentiras descaradas que alteram a moralidade.

Uma vez que entendemos isso, é fácil ver por que a ideologia comunista sempre acaba se alinhando com criminosos, delinquentes, malfeitores, personalidades psicóticas, vítimas profissionais e outros que escondem suas verdadeiras intenções por trás do engano. Às vezes, é porque eles se deleitam com o sofrimento dos outros, e às vezes, é porque se eles não podem ter algo, ninguém pode.

Essa alteração dos conceitos só pode ser entendida determinando como as pessoas são convencidas a seguir o flautista comunista até o esquecimento, repetidas vezes.

Um golpista nunca revela suas verdadeiras intenções. Mesmo se você pegá-lo com a mão na massa, normalmente ele não vai admitir ter feito nada de errado. Não é de surpreender, portanto, que os comunistas sejam conhecidos por deixar um rastro de desgraça, alegando não ter nenhuma responsabilidade pelo que fizeram. Embora tenha ocorrido mais de 100 milhões de vítimas do genocídio comunista através da fome e da brutalidade implacável, isso não impede os comunistas de culparem os capitalistas, os inimigos de classe, os contra-revolucionários, os fascistas — qualquer coisa menos eles mesmos.

A razão pela qual eles sempre escapam é porque as pessoas que simpatizam com a ideologia comunista desconsideram a responsabilidade pessoal. Elas querem que o mundo seja um paraíso idealista no qual eles não tenham que enfrentar as consequências de suas ações, uma utopia impulsionada por um total desrespeito pela causalidade. No entanto, aqueles que movem as cordas não são tão idealistas. É o seu cinismo que os faz sentir que é aceitável manipular os outros, porque se eles não o fizerem, outros o farão em seu lugar.

Síndrome da papoula alta

Existem grãos de verdade entrelaçados com tal pessimismo, perpetuado por uma profecia auto-realizável. Em vez de aspirar a serem melhores, os simpatizantes do comunismo cercam-se daqueles que se afundam em sua própria miséria e, como diz o ditado, a miséria adora companhia.

Como se fossem caranguejos em um balde, quando um deles quase chega ao topo, os outros o arrastam para baixo. Isso também é descrito como a síndrome da papoula alta, um conceito que se origina com a história de Heródoto de Trasíbulo, que cortou as espigas de trigo mais altas até destruir a melhor parte da colheita.

O comunismo elimina o talento e a habilidade precisamente da mesma maneira, os quais a sociedade rapidamente os come numa cacofonia de inveja. A habilidade é substituída pela inveja pelo sucesso do outro, o que torna todos igualmente infelizes, criando sociedades de baixa confiança mútua que se tornam conhecidas por sua repressão política, apoiadas em uma cidadania que se denuncia mutuamente, de maneira muito parecida com a crescente cultura do politicamente correto que nos rodeia atualmente.

Isso mostra por que a inveja foi considerada um dos sete pecados capitais pela Igreja Católica medieval. Hoje, esses pecados — luxúria, gula, cobiça, ganância, raiva, inveja e orgulho — são tratados como medalhas de honra dentro da hierarquia da vitimização esquerdista.

De acordo com a ideologia comunista, o sofrimento só pode ser explicado pela luta entre “aqueles que têm” contra a”queles que não têm”, conhecida como conflito de classes. No entanto, isso é uma distorção da verdade, como descrevi inicialmente. As pessoas certamente sofrem, e isso pode envolver as ações de outras pessoas, mas o que faz toda diferença é como interpretamos esse sofrimento. Usamos essa justificativa para “fazer o que eu quero”, como o ocultista Aleister Crowley disse uma vez, ou transformamos isso em uma lição de vida que nos torna mais sábios e mais fortes?

Além disso, o sofrimento não tem fim em um mundo imperfeito, e como Cristo disse: “Você sempre terá os pobres com você”. A incapacidade dos comunistas de aceitar tal imperfeição tem suas raízes na teoria marxista do materialismo dialético. Portanto, para eles não há conforto além do físico.

Sendo uma ideologia ateísta, isso explica por que o comunismo cria expectativas tão irrealistas sobre o que pode ser alcançado em um mundo imperfeito. Enquanto o teísmo pode trazer paz e harmonia, os comunistas nunca ficarão satisfeitos até que tenham criado o Céu na Terra.

Sem a capacidade de balancear as expectativas com a realidade, quanto mais os comunistas fracassam, mais eles invertem a moral e a verdade com a rebelião. Os comunistas falam da consciência de classe, onde as massas se tornam conscientes de sua servidão e se levantam contra seus senhores. Em vez disso, essa falsa consciência lava os cérebros das massas para levá-los a aceitar sua escravidão, em vez de lutar por sua liberdade.

Os comunistas acreditam que a única maneira de alcançar a liberdade é quando as vítimas se levantam contra seus opressores para tomar o poder, como Lúcifer se levantando contra Deus. Assim como Lúcifer, os comunistas acreditam que eles estão absolutamente justificados em fazer o que for preciso para alcançar o poder, corrompendo qualquer um que escute seus conceitos invertidos da realidade.

Uma delicada borboleta

No entanto, a verdade conta uma história diferente. Sempre haverá tiranos, pois sempre haverá pobreza. Nenhuma promessa de segurança dos golpistas pode mudar isso. Devemos estar cientes do fato de que a liberdade é uma borboleta delicada que pode ser facilmente esmagada se a segurarmos com muita força.

Karl Marx disse: “De cada um de acordo com sua capacidade, para cada um de acordo com suas necessidades”, mas o ressentimento pela capacidade do outro, juntamente com o desejo de que a satisfação das necessidades seja assegurada, não nos fará melhores do que os escravos.

Benjamin Franklin resumiu bem quando disse: “Aqueles que podem renunciar à liberdade essencial para obter um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança”.

Os comunistas podem se iludir acreditando que suas intenções são nobres, mas seus frutos contam uma história diferente. As pessoas são despojadas de sua renda porque a propriedade é considerada roubo, quando o roubo real consiste em tomar a propriedade pela força. Os criminosos são informados de que a única razão pela qual são presos e condenados é porque são vítimas da sociedade, quando as vítimas reais são alvos de suas ações ilegais.

O marxismo cultural moderno, embora ligeiramente diferente da versão econômica clássica, leva essa inversão ao “movimento de aceitação da gordura”, onde a obesidade é celebrada, num mar sem fim de políticas de identidade que altera todas as virtudes e vícios imagináveis.

Como toda moralidade convencional está invertida em nossa sociedade moderna, devemos nos perguntar onde isso vai acabar. Continuaremos nesse caminho até que aqueles que são cumpridores da lei e moralmente honrados sejam transformados em párias e inimigos da sociedade?

O comunismo é o resultado de uma sociedade que não percebe que o material deve ser temperado com algo maior do que o que vemos e tocamos. Até que voltemos a uma cultura que respeite isso, a moral invertida nunca terminará.

Cid Lazarou é blogueiro, escritor e jornalista freelance do Reino Unido

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