Por Jesús de León, Epoch Times
Uma equipe de cientistas da Universidade Nacional da Austrália afirma ter obtido evidências confirmando que o centro da Terra é sólido, algo que até agora era apenas uma suspeita.
“Descobrimos que o núcleo interno é realmente sólido, mas também descobrimos que é mais suave do que se pensava anteriormente”, explicou Hrvoje Tkalčić, co-autor do estudo, de acordo com a Universidade Nacional da Austrália.
“O núcleo da Terra é uma profunda cápsula do tempo, a partir da qual podemos entender o passado, o presente e o futuro do planeta”, disse Tkalčić.
Implicações do estudo
Por enquanto, alcançar essa profundidade da Terra é impossível, então o caminho para aprender a partir do núcleo interno é através do estudo das ondas sísmicas.
Os cientistas descobriram uma maneira de detectar ondas de corte, ou “ondas J” no núcleo interno, um tipo de onda que só pode viajar através de objetos sólidos.
“Se nossos resultados estiverem corretos, o núcleo interno compartilha algumas propriedades elásticas similares com o ouro e a platina. O núcleo interno é como uma cápsula do tempo. Se o entendermos, vamos entender como o planeta foi formado e como ele evolui”, explicou Tkalčić.
Tkalčić descreve o núcleo central como “um planeta dentro de um planeta”.
“É uma esfera quente com uma massa de cem quintilhões (1 seguido por 30 zeros) de toneladas de ferro e níquel que se encontram a 5.150 quilômetros abaixo de nossos pés, esperando para serem descobertos”, segundo a BBC.
Entre as implicações do estudo mencionado por Tkalčić, estão a compreensão de fenômenos como a rotação do núcleo central em relação ao manto da Terra, as mudanças na duração dos dias e o campo geomagnético que influencia diretamente a vida na superfície terrestre.
De acordo com a revista Science, onde o estudo foi publicado, essa descoberta “conclui 80 anos de buscas pela prova da solidez do núcleo central”.
As ondas J dentro da Terra são tão pequenas e fracas que não podem ser observadas diretamente, e detectá-las sempre foi o “Santo Graal” que os sismólogos queriam encontrar desde que os cientistas previram pela primeira vez que o núcleo interno era sólido, nos anos 1930 e 40.
Então, os pesquisadores tiveram que elaborar uma abordagem mais criativa.
Neste caso, Tkalčić e seu colega Thanh-Son Phạm, em vez de procurarem a chegada direta das ondas J, concentraram-se em encontrar as semelhanças entre vários sismogramas localizados em diferentes partes do mundo.
Isso permitiu que eles construíssem uma “impressão digital” das ondas sísmicas da Terra, a partir da qual puderam detectar as ondas J e medir sua velocidade com uma certeza sem precedentes.
No entanto, este não é o fim da estrada. Segundo o Dr. Tkalčić, muitas incógnitas ainda precisam ser decifradas:
“Por exemplo, ainda não sabemos qual é a temperatura exata do núcleo interno, a idade do núcleo interno ou a velocidade com que ele se solidifica, mas com esses novos avanços na sismologia global, estamos descobrindo pouco a pouco.”
“Entender o núcleo interno da Terra tem consequências diretas para a geração e manutenção do campo geomagnético, e sem esse campo geomagnético não haveria vida na superfície da Terra.”