Um oceano de água pode estar preso sob a superfície de Marte, diz novo estudo

Por Bill Pan
13/08/2024 20:27 Atualizado: 13/08/2024 20:27
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Os cientistas sugerem que ainda pode existir água líquida em Marte, potencialmente escondida nas profundezas da crosta rochosa externa do planeta.

A conclusão, publicada em 12 de agosto na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, baseia-se em uma nova análise de dados coletados pelo módulo de aterrissagem “InSight” da NASA. O robô de três pernas e US$ 814 milhões aterrissou em uma planície ao norte do equador do planeta vermelho em 2018 e permaneceu ativo pelos próximos quatro anos terrestres, ou dois anos marcianos.

O módulo de aterrissagem carregava um sismômetro para ouvir e registrar ruídos — popularmente conhecidos como marsquakes — das profundezas do planeta. À medida que as ondas sísmicas atravessam ou refletem o material da crosta, do manto e do núcleo de Marte, elas mudam de forma que os sismólogos podem examinar para determinar a composição dessas camadas.

Ao analisar quatro anos de terremotos em Marte, os pesquisadores disseram que encontraram sinais sísmicos que poderiam ser “melhor explicados” por um grande reservatório de água.

De acordo com o artigo, a “crosta média” marciana – localizada de 6 a 12 milhas abaixo da superfície – parece ser composta de rocha ígnea com fraturas finas cheias de água.

“Entender o ciclo da água marciana é fundamental para compreender a evolução do clima, da superfície e do interior”, disse Vashan Wright, geofísico da Universidade da Califórnia em San Diego e principal autor do artigo, em um comunicado. “Um ponto de partida útil é identificar onde a água está e quanto está lá.”

Quanta água pode haver em Marte?

A superfície de Marte é conhecida por ser marcada por canais e ravinas. Os cientistas acreditam que, há cerca de 3 bilhões de anos, o planeta tinha abundantes oceanos, lagos e rios.

Entretanto, durante esse período, acredita-se que o planeta tenha perdido a maior parte de sua atmosfera, tornando-o incapaz de sustentar corpos estáveis de água líquida em sua superfície. A antiga água da superfície pode ter sido incorporada em minerais, enterrada como gelo, sequestrada como líquido em aquíferos profundos ou perdida no espaço.

Se a área estudada for representativa de outras regiões do planeta, a crosta média marciana poderia conter “mais do que os volumes de água propostos para preencher os hipotéticos oceanos marcianos antigos”, disse o estudo.

Wright e seus colegas estimam que a quantidade de água trancada nos poros da crosta média poderia cobrir todo o planeta a uma profundidade de cerca de um quilômetro e meio.

A água pode ser coletada?

Infelizmente, a localização desse lençol freático marciano pode não ser uma boa notícia para quem tentar aproveitá-lo para abastecer uma futura colônia de Marte, dada a dificuldade de perfurar de 15 a 20 quilômetros de profundidade na crosta.

“Seria um desafio acessar a água líquida na crosta média marciana”, disse Wright. “Por exemplo, a perfuração na subsuperfície da Terra geralmente envolve o uso de algum fluido para facilitar o processo de perfuração. Esse fluido não está prontamente disponível em Marte.”

O buraco mais profundo que os seres humanos já cavaram é o Superdeep Borehole de Kola, no Círculo Ártico russo, que atingiu uma profundidade de cerca de 7,6 milhas quando o dispendioso projeto foi abandonado em 1989. Os cientistas soviéticos levaram quase 20 anos para perfurar tão longe.

As últimas descobertas em Marte também podem fornecer uma direção para a busca contínua de evidências de vida no Planeta Vermelho. Embora os reservatórios subterrâneos de Marte possam não estar necessariamente abrigando alguma forma de vida, eles provavelmente são ambientes habitáveis.

“A presença de água não significa que haja vida, mas acredita-se que a água seja um ingrediente importante para a vida”, disse Wright. “Sabemos que a vida pode existir na subsuperfície profunda da Terra, onde há água presente.”