Uma nova análise de um tronco de cedro vermelho oriental, com impressionantes 3.775 anos, revelou uma descoberta que pode ajudar na preservação ambiental. Os pesquisadores constataram que o tronco, encontrado em Quebec, no Canadá, estava extraordinariamente bem conservado, tendo perdido menos de 5% do dióxido de carbono que havia armazenado ao longo dos milênios.
As árvores desempenham um papel crucial na mitigação dos impactos dos ciclos climáticos, pois absorvem dióxido de carbono durante o processo de fotossíntese, contribuindo para a redução dos níveis de CO₂ na atmosfera.
No entanto, quando uma árvore morre, não apenas interrompe essa captação, mas também pode liberar o carbono armazenado, exacerbando o problema.
Um grupo de cientistas investigou a decomposição de madeira de árvores mortas e descobriu que as emissões de carbono resultantes superam aquelas geradas pelas atividades humanas.
Com isso, surgiram esforços para encontrar formas de prevenir a liberação de carbono proveniente desses troncos.
A solução pode estar relacionada ao tipo de solo que envolvia o tronco milenar analisado. O solo argiloso da região, caracterizado por sua baixa permeabilidade, foi crucial para a preservação do material e para a desaceleração de sua decomposição.
Essa descoberta levou à criação da técnica conhecida como “abóbada de madeira”.
Essa abordagem, de custo acessível, pode reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa anualmente.
Os resultados da pesquisa foram detalhados em um estudo publicado na renomada revista científica Science, destacando a importância de proteger os resíduos vegetais para o bem do meio ambiente.
Como foi o descoberta do tronco
Em 2013, o climatologista Ning Zeng, da Universidade de Maryland, fez uma descoberta fascinante enquanto desenvolvia um projeto na província canadense de Quebec.
Ele e sua equipe estavam escavando uma trincheira com a intenção de preenchê-la com 35 toneladas de madeira, que seriam cobertas com terra e deixadas para repousar por nove anos.
O objetivo era avaliar se a madeira enterrada poderia permanecer intacta, oferecendo uma nova e econômica abordagem para o armazenamento de carbono. No entanto, durante a escavação, depararam-se com uma surpresa: um tronco com uma idade muito superior ao que haviam previsto.
“Quando o escavador puxou um tronco do chão e jogou para nós, os três ecologistas que eu tinha convidado da Universidade McGill, imediatamente o identificamos como um cedro vermelho oriental”, lembrou Ning Zeng em um comunicado publicado no site da Universidade de Maryland.
“Era claro o quanto ele estava preservado. Lembro-me de ficar ali pensando: ‘Uau, precisamos mesmo continuar nosso experimento? A evidência já está aqui, e melhor do que poderíamos fazer”, completou.