Tomografias revelam segredos de múmias do Antigo Egito

A tecnologia não destrutiva detalha práticas de mumificação, saúde e crenças espirituais, destacando a história de Lady Chenet-aa, aristocrata da 22ª Dinastia.

Por Redação Epoch Times Brasil
11/11/2024 19:21 Atualizado: 11/11/2024 19:21

Pesquisadores do Field Museum, em Chicago, usaram tomografias computadorizadas em 26 múmias para investigar práticas funerárias do Antigo Egito. O estudo não destrutivo revelou detalhes inéditos sobre a mumificação e a preparação para o pós-vida dos antigos egípcios.

As múmias foram cuidadosamente transportadas sobre carrinhos especiais para um scanner móvel estacionado fora do museu. Isso permitiu a obtenção de imagens tridimensionais sem danificar as camadas de linho que envolvem os corpos.

Entre as múmias analisadas, a de Lady Chenet-aa, uma aristocrata da 22ª Dinastia, é uma das que mais chamou a atenção dos cientistas.

O caixão de Chenet-aa, feito de cartonagem — uma estrutura semelhante ao papel machê composta de papiro e gesso — não apresenta costuras visíveis, o que intrigava os pesquisadores há décadas.

Graças à tomografia, foi possível determinar que os embalsamadores antigos cortaram uma fenda na parte de trás do caixão e usaram umidade para amolecê-lo, possibilitando que o corpo fosse colocado dentro de forma cuidadosa.

Depois de encaixar a múmia, o caixão foi selado e pintado, criando uma aparência perfeita, sem junções aparentes.

As imagens também revelaram que Chenet-aa possuía olhos artificiais inseridos em seu crânio. Essa técnica foi utilizada para garantir que a aristocrata tivesse visão na vida após a morte. Essa prática está relacionada à crença dos antigos egípcios de que cada detalhe físico deveria ser preservado para garantir o sucesso no pós-vida.

“Se você quer olhos, então precisa ter olhos físicos, ou ao menos uma alusão física a eles”, explicou JP Brown, conservador sênior de antropologia do museu.

A tomografia também revelou detalhes sobre a saúde de Chenet-aa.

A aristocrata provavelmente morreu entre os 30 e 40 anos, e seu esmalte dentário estava severamente desgastado, possivelmente devido à areia presente na dieta da época, que prejudicava os dentes.

Além disso, os embalsamadores colocaram um enchimento em sua traqueia para prevenir o colapso do pescoço, demonstrando o cuidado com a preservação do corpo.

O estudo de tomografia computadorizada não destrutiva é uma forma avançada de explorar os segredos dos antigos egípcios sem comprometer a integridade das múmias.

As imagens geradas por milhares de raios-X empilhados criam uma representação detalhada do interior dos sarcófagos e de seus ocupantes, possibilitando uma análise profunda dos esqueletos e dos artefatos encontrados junto aos corpos.

De acordo com Stacy Drake, gerente das coleções de restos humanos do museu, o objetivo das análises é compreender as práticas culturais e espirituais do Egito Antigo de uma forma respeitosa e detalhada, além de resgatar a individualidade de cada múmia.

“Essa é uma maneira realmente ótima para olharmos quem eram essas pessoas — não apenas os objetos que elas produziram e as histórias que inventamos sobre elas, mas os próprios indivíduos que viveram nesse período”, afirmou Drake.