TikTok alimenta usuários com desinformação sobre guerra na Ucrânia logo após inscrição: relatório

“TikTok continua um terreno fértil para desinformação perigosa, alimentada a um público jovem”

24/03/2022 15:05 Atualizado: 24/03/2022 15:05

Por Michael Washburn

O TikTok, um aplicativo popular de vídeos curtos de propriedade da ByteDance, com sede na China, vem espalhando desinformação sobre a guerra na Ucrânia, incluindo falsidades pró-Rússia e pró-Ucrânia, bem como propaganda do Kremlin, segundo um relatório recente da agência NewsGuard.

“As descobertas do NewsGuard aumentam o corpo de evidências de que a falta de rotulagem e moderação de conteúdo eficaz do TikTok, juntamente com sua habilidade de empurrar os usuários para o conteúdo que os mantém no aplicativo, tornaram a plataforma um terreno fértil para a disseminação de desinformação”, declarou o relatório.

“O TikTok continua um terreno fértil para desinformação perigosa, alimentada a um público jovem”, acrescentou, salientando que, no final de 2021, o site ostentava ter mais de um bilhão de usuários mensais ativos, um recorde compartilhado apenas pelo Facebook.

Um dilúvio de desinformação

O NewsGuard chegou às suas conclusões por meio de um exercício no qual seis analistas geraram contas do TikTok e conduziram experimentos com o objetivo de replicar o que usuários comuns, sem nenhum interesse particular em eliminar conteúdo suspeito no site, seriam submetidos ao uso diário do TikTok.

No primeiro experimento, os analistas percorreram o feed personalizado “Para você” no site por 45 minutos e tiveram tempo para ver vídeos relevantes para a crise na Ucrânia.

A reportagem dizia que, em apenas 40 minutos de uso, o TikTok apresentou aos analistas desinformação sobre o conflito, incluindo a narrativa, usada pelo presidente russo, Vladimir Putin, para justificar sua invasão, de que neonazistas dominam o governo da Ucrânia; a alegação de que os Estados Unidos mantêm laboratórios de armas biológicas na Ucrânia; e a noção de que os Estados Unidos instigaram a revolução de 2014 que ocorreu na Ucrânia.

Também havia conteúdo contendo negações quanto a autenticidade das imagens de notícias vindas da Ucrânia desde o início da invasão, em 24 de fevereiro, e vídeos que vendiam a falsa alegação de que as forças americanas estão a caminho de participar diretamente do conflito.

O artigo detalhou que, com apenas 29 minutos da criação de uma conta no TikTok, um analista da NewsGuard de língua francesa recebeu um clipe de um discurso de Putin alegando que “os neonazistas de hoje tomaram o poder na Ucrânia” e culpando a perda de vida no conflito sobre os líderes da Ucrânia. Este vídeo obteve 1,7 milhão de visualizações e mais de 15.000 compartilhamentos são de 14 de março.

Em 36 minutos, o mesmo analista encontrou um vídeo de 5 de março de um palestrante não identificado alegando que todas as imagens que saem da “pseudo-guerra” na Ucrânia são fabricadas.

No segundo experimento, os analistas do NewsGuard fizeram buscas usando termos relevantes para a crise em curso, como “Ucrânia”, “Rússia”, “Kiev” e “Guerra”. A função de pesquisa no TikTok apresentou resultados com vídeos fazendo mais alegações falsas e enganosas, de acordo com o relatório, embora o TikTok também tenha direcionado os usuários para “fontes confiáveis”, como o jornal UK Telegraph.

O NewsGuard reconheceu a prática do TikTok de “verificar” fontes confiáveis ​​no site com um visto azul, mas questiona a eficácia dessa prática, uma vez que os resultados de pesquisa confiáveis ​​aparecem diretamente ao lado de vídeos que transmitem declarações enganosas e propaganda pró-russa. “O TikTok não inclui informações sobre a confiabilidade das fontes de notícias em sua plataforma”, afirmou o relatório.

Entre as fontes de notícias com “verificação” está o perfil de Margarita Simonyan, editora-chefe da mídia estatal russa RT, que foi bloqueada pela plataforma, observou o relatório.

A NewsGuard também fez referência à propriedade do TikTok pela gigante chinesa da internet ByteDance, uma empresa na qual o regime chinês tem partes minoritárias das ações.

“Com o alinhamento ambíguo do governo chinês com a Rússia em relação à invasão da Ucrânia, e certos sites apoiados pelo Estado chinês repetindo acriticamente a propaganda do Kremlin, ainda não está claro se a propriedade da plataforma pelos chineses afetará as decisões de conteúdo Rússia-Ucrânia tomadas pelo TikTok nas próximas semanas e meses”, afirmou o documento.

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