A Agência Espacial Europeia (ESA) apresentou as primeiras imagens do ambicioso projeto de mapeamento tridimensional do Universo, utilizando o telescópio espacial Euclides. Este megamapa abrange aproximadamente 100 milhões de estrelas e galáxias e representa 1% do trabalho que será realizado ao longo de seis anos.
Desde o início das observações em 2023, o Euclides tem se concentrado em galáxias e estrelas a distâncias impressionantes, de até 10 bilhões de anos-luz da Terra.
O objetivo final é mapear um terço da abóbada celeste até 2030, fornecendo aos cientistas dados valiosos sobre a formação e evolução do cosmos.
Imagens, galáxias e estrelas
Bruno Altieri, cientista da ESA, destacou a importância dessas imagens. Ele explicou que, somente nessas primeiras visualizações, já existem dezenas de milhões de galáxias de diferentes tipos. E as imagens contribuem no entendimento sobre como as galáxias se relacionam e evoluem ao longo do tempo.
O primeiro fragmento do mapa abrange uma área de 132 graus quadrados no céu austral, equivalente a 500 vezes a superfície aparente da Lua.
A equipe da ESA descreveu este trabalho como a montagem de um “grande quebra-cabeça do Universo”, onde novas peças serão adicionadas progressivamente nos próximos anos.
Valeria Pettorino, também cientista da ESA, enfatizou a diversidade de fontes presentes na imagem inicial, o que possibilitará novas investigações sobre a estrutura do Universo.
Uma das características mais notáveis deste mapa é uma faixa escura pontilhada por pontos brilhantes, acompanhada de “nuvens” azuis conhecidas como “cirros galácticos”. Essa formação é composta por poeira e gás, elementos fundamentais para a criação de novas estrelas.
A resolução das imagens é impressionante, com 208 megapixels, permitindo ampliar detalhes complexos de galáxias espirais, bem como as interações entre elas.
O telescópio Euclides se distingue por seu amplo campo de visão, que abrange uma vasta área do cosmos em uma única imagem. Em contraste, o Telescópio Espacial James Webb, apesar de ter um campo menor, consegue observar mais longe.
Matéria e energia escuras
O projeto Euclides não se limita apenas a mapear o que existe, mas também busca investigar mistérios profundos do Universo, como a energia e a matéria escura. Ambas constituem 95% do cosmos e ainda permanecem pouco compreendidas.
A matéria escura, que representa cerca de 25% do Universo, desempenha um papel crucial na manutenção da coesão das galáxias. Já a energia escura, responsável por 70%, está ligada à expansão do Universo.
O mapeamento em 3D proporcionado pelo Euclides permite medições precisas da distribuição galáctica, bem como em relação à dinâmica da expansão, refinando os modelos teóricos sobre a estrutura do cosmos.
Com essas descobertas, os cientistas têm a esperança de avançar no entendimento das forças que moldam o Universo e trazer novas perspectivas para a cosmologia moderna.