Telescópio ESO no Chile descobre primeiro asteroide interestelar

21/11/2017 15:47 Atualizado: 13/03/2018 08:32

Em 19 de outubro de 2017, o telescópio Pan-STARRS 1, localizado no Havaí, capturou um ponto fraco de luz movendo-se no céu, que mais tarde se descobriu não era originário do nosso Sistema Solar como todos os outros asteroides ou cometas observados até agora, mas que veio do espaço interestelar.

Inicialmente foi classificado como um cometa, mas observações subsequentes feitas por um telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO) localizado no Chile, e por outras instalações, não revelaram sinais de atividade cometária depois de passar perto do Sol em setembro de 2017, portanto foi reclassificado como um asteroide interestelar e batizado de Oumuamua.

“Tivemos que agir rapidamente”, explica Olivier Hainaut, membro da equipe ESO em Garching, na Alemanha. “Oumuamua já havia passado pelo ponto mais próximo ao Sol e estava indo (novamente) para o espaço interestelar”, de acordo com uma declaração do observatório astronômico ESO.

Mais tarde os pesquisadores tiveram novas surpresas.

Ao combinar as imagens do instrumento FORS do VLT (Very Large Telescope) do ESO (com quatro filtros diferentes), com os de outros grandes telescópios, a equipe de astrônomos liderada por Karen Meech (Instituto de Astronomia, Havaí, EUA) descobriu que Oumuamua tem uma grande variação de brilho.

Diagrama mostra como, ao longo dos três dias em outubro de 2017, Oumuamua variou de brilho. A ampla gama de brilho —sobre um fator de 10 (2,5 magnitudes) — deve-se à forma muito alongada deste objeto único, que gira a cada 7,3 horas. Os diferentes pontos coloridos representam as medições feitas através de diferentes filtros, que cobrem a parte visível e do infravermelho próximo do espectro (ESO)
Diagrama mostra como, ao longo dos três dias em outubro de 2017, Oumuamua variou de brilho. A ampla gama de brilho —sobre um fator de 10 (2,5 magnitudes) — deve-se à forma muito alongada deste objeto único, que gira a cada 7,3 horas. Os diferentes pontos coloridos representam as medições feitas através de diferentes filtros, que cobrem a parte visível e do infravermelho próximo do espectro (ESO)

“Esta grande variação de brilho, extremamente incomum, significa que o objeto é muito alongado: seu comprimento é cerca de dez vezes maior que sua largura, com uma forma complexa e enrolada”, explicou Karen Meech.

Também se descobriu que possui uma cor vermelha escura, semelhante aos objetos do Sistema Solar externo, e foi confirmado que é totalmente inerte, sem o menor vestígio de poeira ao redor.

Por outro lado, essas propriedades sugerem que Oumuamua é denso, possivelmente rochoso ou com grande conteúdo metálico, sem quantidades significativas de gelo ou água, e que sua superfície agora está escura e avermelhada devido aos efeitos da irradiação de raios cósmicos recebidos ao longo de milhões de anos.

Estima-se que tenha pelo menos 400 metros de comprimento.

Os cálculos orbitais preliminares sugerem que o objeto veio aproximadamente da direção em que se encontra a brilhante estrela Vega, na constelação setentrional de Lyra

Embora Oumuamua viaje à vertiginosa velocidade de 95 mil quilômetros por hora, levou tanto tempo para que este objeto interestelar fizesse a viagem ao nosso Sistema Solar que a estrela Vega não estava nem perto de sua posição atual quando o asteróide passou por lá, cerca de 300 mil anos atrás.

Oumuamua aproxima-se do Sol e dos planetas Terra, Venus e Mercúrio (Captura de tela)
Oumuamua aproxima-se do Sol e dos planetas Terra, Venus e Mercúrio (Captura de tela)

“É provável que Oumuamua tenha vagado pela Via Láctea, independente de qualquer sistema estelar, por centenas de milhões de anos antes de seu casual encontro com nosso Sistema Solar”, declarou o observatório astronômico ESO.

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