No final de 2014, um vulcão submerso no Pacífico Sul, mais especificamente no Reino de Tonga, entrou em uma explosiva erupção, lançando cinzas, vapor e pedras até 9km de altura. Em 2015, as cinzas assentadas formaram uma ilha de 120 metros acima do nível do mar que foi batizada de Hunga Tonga-Hunga Ha’apai.
No início, os cientistas acreditaram que ela só duraria alguns meses, mas ao perceber que a ilha permanecia intacta, a NASA realizou novos estudos que deram uma nova projeção de sua vida entre 6 a 30 anos. Desta forma, a ilha atraiu um interesse incomum dos cientistas da NASA, pois esta é a primeira ilha deste tipo, na era dos modernos satélites, que surgiu a partir de uma erupção e que permaneceu. Ela também oferece aos cientistas uma visão sem precedentes, desde o espaço, de seus primeiros anos de vida e evolução, fornecendo uma ideia de sua longevidade e da erosão que dá forma a novas ilhas.
Mas por que os cientistas da NASA estariam tão interessados em estudar uma ilha? Bem, porque eles realmente acreditam que entender os processos formadores da ilha também poderia fornecer informações sobre lugares com características similares em outras partes do Sistema Solar, como por exemplo Marte.
Scientists believe something similar may have occurred with this new island. Their next step is a detailed chemical analysis of rock samples. pic.twitter.com/Q0Hcg1VOA9
— NASA Earth (@NASAEarth) December 11, 2017
The Tongan island may help researchers understand volcanic features on Mars that look similar. pic.twitter.com/xeQKEfqde2
— NASA Earth (@NASAEarth) December 11, 2017
“As ilhas vulcânicas são um exemplo de acidentes geográficos mais simples que podem se formar”, disse o primeiro autor Jim Garvin, cientista-chefe do Centro Goddard de Viagens Espaciais da NASA em Greenbelt, Maryland. “Nosso interesse é calcular o quanto a paisagem tridimensional muda ao longo do tempo, especialmente seu volume, que só foi medido algumas vezes em outras ilhas. Este é o primeiro passo para entender as velocidades e processos de erosão e decifrar por que esta ilha está se mantendo por mais tempo do que a maioria das pessoas esperava”.
Desde o início, a ilha de Tonga tem sido rastreada e observada periodicamente por satélites de alta resolução, com sensores ópticos e radar que atravessam as nuvens. Usando essas imagens, a equipe de pesquisa fez mapas tridimensionais da topografia da ilha e estudou o litoral e o volume mutável acima do nível do mar.
Registrou-se que as mudanças mais dramáticas na ilha ocorreram em seus primeiros seis meses. Inicialmente, sua forma era relativamente oval e ela estava unida à sua ilha vizinha a oeste. No entanto, em abril, através da análise das imagens de satélite, descobriu-se que sua forma havia mudado drasticamente, segundo declaração da NASA.
A nova ilha está localizada na borda norte de uma caldeira sobre um vulcão submerso que está a quase 1.400 metros acima do fundo do mar, de acordo com medidas batimétricas feitas pelo geólogo e coautor Vicki Ferrini no Observatório da Terra Lamont-Doherty da Universidade de Columbia em Palisades, Nova York. O próximo passo é fazer uma análise química detalhada de amostras de rocha.
A ilha de Tonga também pode ajudar os pesquisadores a entender as características vulcânicas de Marte que são muito semelhantes. “Tudo o que conhecemos de Marte se baseia na experiência de interpretar os fenômenos da Terra”, diz Garvin, acrescentando: “Nós acreditamos que houve erupções em Marte em um momento em que havia áreas com águas superficiais persistentes. Poderíamos usar a observação da nova ilha de Tonga e de sua evolução como uma forma de testar se alguma delas representava um ambiente oceânico ou um lago efêmero. Ambientes úmidos como esses, combinados com o calor dos processos vulcânicos, podem ser lugares privilegiados para procurar evidências de vida”.
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