Sons misteriosos: o enigma dos “terremotos” do céu que desafiam a ciência

Os barulhos são ouvidos desde a antiguidade, com relatos em todo o mundo.

Por Redação Epoch Times Brasil
03/10/2024 21:30 Atualizado: 03/10/2024 21:30

Um fenômeno atmosférico marcado por sons altos e inexplicáveis, que parecem ser terremotos originários do céu, tem intrigado os cientistas há séculos. Esses estrondos, relatados em todo o mundo, ocorrem de forma repentina.

Chamados em inglês de skyquakes (“tremores do céu”, em tradução livre para o português), os barulhos misteriosos têm sido documentados desde a antiguidade. 

Narrados como “vindo do nada”, os ruídos recebem diferentes descrições por quem os presencia: explosões agudas semelhantes a canhões, rugidos de animais selvagens ou até mesmo o som de instrumentos musicais.

Alguns estudos indicam que os barulhos poderiam ter relação com tremores de terra, pois muitas vezes foram ouvidos durante abalos sísmicos históricos, como em Nova Madri, nos Estados Unidos, em 1811. No entanto, nenhuma teoria foi comprovada.

Em 1824, o skyquake foi documentado em uma ilha no Mar Adriático. Em 1896, ele foi ouvido na cidade de Franklinville, em Nova Iorque, a cerca de 80 km das margens do Lago Erie, na fronteira com o Canadá.

Um dos locais onde os ruídos ocorrem com maior frequência é perto do Lago Sêneca, na região de Finger Lakes, também em Nova Iorque. Os barulhos são tão altos que chegam a sacudir janelas e portas, sendo relatados pelo escritor norte-americano James Fenimore Cooper no conto “The Lake Gun”, de 1850.

“É um som que se assemelha à explosão de uma pesada peça de artilharia, que não pode ser explicado por nenhuma das leis conhecidas da natureza”, escreveu o romancista. “O ruído é profundo, oco, distante e imponente. O lago parece estar falando com as colinas ao redor, que ecoam de volta o som, criando uma atmosfera assombrosa e enigmática.”

Na atualidade, o fenômeno também tem sido ouvido em certas áreas costeiras dos EUA, particularmente na Costa Leste, de Nova Jersey à Carolina do Norte.

Em busca de respostas científicas para pôr fim às lendas que atravessam a história, pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, onde o barulho foi ouvido com regularidade, usaram dados sísmicos do EarthScope Transportable Array (ESTA),  mas nenhuma evidência ligando os sons a atividades sísmicas foi encontrada. 

Entre as diversas teorias, está a possibilidade de que o “terremoto” do céu esteja associado a mudanças na pressão atmosférica ou inversões de temperatura, que podem transportar som por longas distâncias. 

Outros sugerem que os barulhos possam ser o resultado de atividade geológica subaquática ou do movimento de gelo nos lagos.

Em cada lugar do mundo, os skyquakes ganharam um nome diferente. Para os franceses, são chamados de “canons de mer” (“canhões do mar”), enquanto os italianos os chamam de “brontidi” (“como trovão”) e os japoneses de “uminari” (“gritos do mar”). 

Enquanto os cientistas não desvendam o mistério, os moradores dos locais onde o fenômeno ocorre se divertem com outras teorias, como a possibilidade de fenômenos extraterrestres.