A Sonda Solar Parker, desenvolvida pela NASA, está prestes a realizar um feito histórico na exploração espacial. Na manhã do dia 24 de dezembro, a sonda passará a apenas 6,1 milhões de quilômetros da superfície do Sol, marcando a mais próxima aproximação de um objeto humano a uma estrela.
O marco, que acontecerá durante o periélio — o ponto mais próximo do sol — representa um passo sem precedentes no estudo da dinâmica solar e da interação entre o Sol e o sistema solar.
A missão foi confirmada como operacional após a sonda transmitir, através do complexo da Rede de Espaço Profundo da NASA, na Austrália, um sinal indicando condições normais de funcionamento. O recebimento do sinal aconteceu às 19h20 (horário de Washington) do dia 20 de dezembro, garantindo que a Parker Solar Probe estivesse em trajetória segura para cumprir seu objetivo.
O comunicado de bom estado da sonda foi recebido com entusiasmo pela equipe no Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins (APL), responsável pela construção e operação da espaçonave.
“Esta é uma das ousadas missões da NASA, realizando algo que nunca foi feito antes para responder a questões de longa data sobre o nosso universo”, afirmou Arik Posner, cientista do programa Parker Solar Probe no quartel-general da NASA, em Washington. “Mal podemos esperar para receber a primeira atualização de status da espaçonave e começar a receber os dados científicos nas próximas semanas.”
Durante o periélio, os sistemas de comunicação com a sonda serão temporariamente interrompidos devido à proximidade extrema com o Sol. A alta intensidade de radiação e calor desafia os limites tecnológicos e exige que a espaçonave opere de forma autônoma. No entanto, a equipe da missão aguarda um novo sinal da sonda no dia 27 de dezembro, quando ela deverá confirmar o sucesso do sobrevoo e começar a transmitir os preciosos dados coletados durante o evento.
A Sonda Solar Parker, nomeada em homenagem ao astrofísico Eugene Parker, foi projetada para investigar os mistérios do Sol, incluindo a origem do vento solar e os mecanismos que aquecem a corona, região mais externa e menos compreendida da atmosfera solar.
Essa aproximação é parte de uma missão mais ampla, pertencente ao programa Living With a Star (Vivendo Com uma Estrela, em tradução) da NASA, que tem como foco estudar como os processos solares afetam a Terra e a sociedade.
O gerente de operações da missão, Nick Pinkine, enfatizou a singularidade desse momento, destacando que nenhum objeto humano jamais esteve tão perto de uma estrela. Ele ressaltou a importância dos dados que serão obtidos, vindos de “território inexplorado”, que trarão respostas cruciais para questões sobre o funcionamento do Sol e sua influência no sistema solar.
Com temperaturas que ultrapassam os 1.000 graus Celsius, a proximidade ao Sol exige uma proteção excepcional. A Parker Solar Probe conta com um escudo térmico de carbono reforçado, capaz de proteger seus instrumentos sensíveis enquanto coleta dados sobre campos magnéticos, partículas energéticas e o plasma solar. Esse equipamento é fundamental para garantir que a espaçonave possa sobreviver e transmitir informações valiosas de uma região tão hostil.
A missão, que teve início em 2018, foi planejada para realizar uma série de sobrevoos que aproximam progressivamente a sonda do Sol. Para isso, a Parker utiliza assistências gravitacionais de Vênus para ajustar sua órbita e reduzir a distância em relação à estrela. Essa estratégia tem permitido avanços graduais, culminando no recorde que será alcançado na véspera de natal.
A contagem regressiva com dados e o acompanhamento ao vivo da sonda solar pode ser feito através do site do Parker Solar Probe e do Eyes Nasa, respectivamente.