Robô controlado por cogumelo corre e pula: a biotecnologia que vai além dos limites da ciência

Por Redação Epoch Times Brasil
17/12/2024 15:45 Atualizado: 17/12/2024 15:46

Um robô controlado por cogumelos pode soar como pura ficção científica, mas a realidade é ainda mais impressionante. 

Pesquisadores das universidades de Cornell, nos Estados Unidos, e de Florença, na Itália, criaram uma máquina bio-híbrida capaz de pular, correr e reagir ao ambiente usando nada menos que cogumelos comestíveis – o popular shimeji rei. 

A inovação une biologia e robótica de forma inédita, prometendo revolucionar a maneira como as máquinas interagem com o mundo.

A ciência por trás do “cogumelo-robô”

O segredo está no micélio, a rede de ramificações dos cogumelos que se desenvolve debaixo da terra. 

Os cientistas cultivaram esses filamentos diretamente em circuitos eletrônicos, criando um elo vivo entre o organismo e a máquina. Luz ultravioleta (UV) foi usada para estimular o sistema, provocando respostas mecânicas em diferentes dispositivos: um robô de cinco braços e um pequeno veículo com rodas. 

O resultado? Movimentos surpreendentes e uma demonstração clara de que a natureza pode impulsionar a tecnologia.

“Integrar um organismo vivo a uma máquina não é apenas sobre fazer um robô se mover. Trata-se de entender suas respostas biológicas e traduzir isso em movimentos que podem ser usados para algo útil”, destacou Rob Shepherd, um dos responsáveis pelo estudo, publicado na Science Robotics.

Robôs que cuidam do solo e do planeta

Embora o projeto ainda esteja em fase experimental, suas aplicações futuras são promissoras. 

Os pesquisadores vislumbram robôs bio-híbridos percorrendo plantações, aplicando nutrientes ou pesticidas com precisão, reduzindo desperdícios e minimizando impactos ambientais. 

Além disso, os dispositivos poderiam ser programados para monitorar a qualidade do solo e reagir a poluentes, tornando-se aliados fundamentais na preservação ambiental.

“Esse tipo de projeto não envolve apenas controlar um robô. Também se trata de criar uma conexão verdadeira com o sistema vivo. Porque uma vez que você ouve o sinal, você também entende o que está acontecendo. Talvez esse sinal esteja vindo de algum tipo de estresse. Então você está vendo a resposta física, porque não estamos visualizando esses sinais, mas o robô está”, disse Anand Mishra, líder da pesquisa.

O futuro: a fusão entre biologia e robótica

O “cogumelo-robô” pode parecer uma curiosidade científica, mas é um símbolo de um novo paradigma: máquinas inspiradas e movidas pela vida. 

Ao combinar a adaptabilidade dos organismos vivos com a precisão da tecnologia, a pesquisa sugere soluções inovadoras para problemas reais, como a agricultura sustentável e o controle ambiental.

Muito além de um experimento, o projeto desenha um futuro em que robôs bio-híbridos coexistem com o ecossistema, não como intrusos, mas como ferramentas essenciais para a preservação e o equilíbrio do planeta. 

A fronteira entre biologia e robótica está cada vez mais tênue – e a natureza, ao que parece, ainda tem muito a ensinar à tecnologia.