Uma invenção do Instituto de Máquinas e Materiais (KIMM) da Coreia comprovou que é possível reinventar a roda. Na semana passada, os engenheiros apresentaram uma roda robótica flexível capaz de superar obstáculos do dia a dia, como escadas e pedras, ao se ajustar ao terreno em tempo real.
Sem precisar de maquinaria ou sensores complexos, as rodas ajustáveis utilizam uma estrutura com uma “corrente inteligente” conectada a raios de metal que mudam de tensão quando confrontados com obstáculos, adaptando-se às variações do terreno.
A roda também pode operar de forma rígida e circular em modo de condução normal, passando para um estado macio e deformável ao encontrar obstáculos, dependendo da altura e da forma deles.
Essa alternância entre um estado rígido para movimentos rápidos em superfícies planas e um estado macio para superar obstáculos é o que diferencia a nova roda coreana das tecnologias existentes, que usam estruturas flexíveis, como pneus não pneumáticos, que se deformam continuamente.
“Um dos problemas associados a robôs quadrúpedes e bípedes que superam obstáculos é que a eficiência do movimento é relativamente baixa em superfícies planas, e a oscilação inevitavelmente ocorre durante o deslocamento”, disse o líder da pesquisa, Sung-Hyuk Song. “A nova roda morfável é significativamente importante, pois consegue superar obstáculos enquanto mantém uma alta eficiência de movimento comparável às rodas convencionais.”
Para chegar ao design, a equipe se inspirou nas propriedades de tensão superficial das gotículas de água, que são arredondadas pela gravidade.
A tecnologia foi apresentada em duas variações de protótipos: um com duas rodas e outro com quatro.
Na versão de duas rodas, a rigidez pode ser alterada em tempo real, permitindo que a cadeira se mova de forma estável e mude de direção, mesmo em espaços apertados, sendo capaz de ultrapassar pedras ou escadas de 18 centímetros de altura.
No sistema móvel de quatro rodas, os engenheiros também conseguiram superar obstáculos que são 1,3 vezes mais altos que o raio da roda.
Apesar do protótipo, os engenheiros ainda precisam assegurar que as rodas garantirão a segurança dos usuários. Em um mundo onde poucos lugares são acessíveis e inclusivos, essa inovação pode ser revolucionária e impactar o cotidiano de pessoas que dependem de cadeiras de rodas para se locomover.
“Ela provavelmente encontrará aplicações em uma ampla gama de campos, incluindo cadeiras de rodas, robôs móveis e mobilidade pessoal capaz de superar obstáculos”, destacou o professor Dong Park, do KIMM.
A pesquisa foi publicada como artigo de capa na edição de agosto da revista Science Robotics. No entanto, ainda não há previsão de quando ou como a tecnologia chegará ao mercado.
