Por Joshua Philipp, Epoch Times
O presidente norte-americano Donald Trump disse em 13 de março que o espaço se tornou um domínio de combate e que, para enfrentar essa ameaça, os militares dos EUA podem precisar de uma “Força Espacial”.
Trump, falando com as tropas na Estação Aérea do Corpo de Fuzileiros Navais de Miramar, em San Diego, afirmou: “Minha nova estratégia nacional para o espaço reconhece que o espaço é um domínio de combate, assim como a terra, o ar e o mar. Podemos até ter uma Força Espacial.”
Suas declarações ecoaram preocupações que foram levantadas por décadas na comunidade militar e de defesa: que a tecnologia moderna e o poder militar americano são altamente dependentes de satélites vulneráveis, e que os adversários dos EUA estão pressionando para dominar o espaço militarmente.
“A China quer controlar o sistema Terra-Lua. Ao fazer isso, poderia impor um preço às ambições econômicas do Ocidente no espaço”, disse Richard Fisher, membro sênior do Centro Internacional de Avaliação e Estratégia.
“É realmente muito afortunado que o presidente Trump tenha surgido neste momento com esse amplo entendimento e um desejo de posicionar estrategicamente os Estados Unidos e as democracias para que a China e a Rússia não neguem os futuros benefícios do espaço para nosso povo”, disse ele.
A próxima corrida espacial tem duas facetas, uma militar e outra econômica. E o impulso adicional para o domínio do espaço exterior poderia criar novas formas de tecnologia em ambos os campos, como foi visto na corrida lunar dos anos 50 e 60, que levou à “revolução do silício” e muitas das tecnologias que conhecemos hoje.
“É um fato histórico que a corrida à Lua foi o ímpeto para muitos desdobramentos técnicos comerciais que impulsionaram novas indústrias nos Estados Unidos”, disse Fisher. “No entanto, a gestão Trump está adotando uma meta muito maior com uma ‘Força Espacial’.”
Durante uma mesa redonda em junho passado, Trump descreveu o problema dos Estados Unidos perderem sua liderança em tecnologia global e disse que seu governo visava mudar essa situação.
“Cinquenta anos atrás, nosso governo impulsionou a inovação que inspirou o mundo e colocou os americanos na Lua”, disse Trump, durante uma discussão com o Conselho Americano de Tecnologia. “Hoje, muitas das nossas agências contam com tecnologia dolorosamente ultrapassada e, no entanto, temos as maiores pessoas em tecnologia que o mundo já viu aqui conosco nesta sala.”
“O governo precisa acompanhar a revolução tecnológica”, disse ele. “A América deve ser o líder global em tecnologia governamental, assim como somos em todos os outros aspectos, e vamos readquirir novamente nossa grande vantagem em tecnologia, uma indústria tão importante.”
“Minha administração está adotando um novo espírito de inovação que tornará a vida melhor para todos os americanos.”
A nova corrida espacial
Segundo Fisher, “a China está forçando o mundo a reviver uma fase da corrida armamentista global que se esgotou no final dos anos 1950”, e isso está levando a uma nova corrida espacial que pode ter grandes implicações para inovação e defesa.
Durante a última corrida espacial, disse Fisher, “os soviéticos queriam poder dominar militarmente a órbita baixa da Terra, atacar os satélites americanos, que eram melhores do que os deles. Dominando a órbita baixa da Terra, eles poderiam dominar os conflitos no planeta.”
“Essa é uma das ambições que a China revive desde o início dos anos 90, quando começou a desenvolver seus interceptores de mísseis antissatélites de base terrestre e seus lasers antissatélites também de base terrestre”, disse ele.
“A motivação real é o desejo do Partido Comunista de defender a existência da sua ditadura política, alcançando o domínio estratégico global, e alcançando uma posição de poder tanto na Terra quanto no espaço que impeça qualquer outra potência de ameaçar a posição de poder do Partido Comunista Chinês.”
Enquanto os Estados Unidos se preparam para entrar numa nova corrida espacial, haverá algumas diferenças importantes em relação ao passado.
Diferentemente da corrida espacial do passado, os novos programas para viagens espaciais e programas comerciais serão liderados por empresas privadas, e os militares dos EUA também podem dar um impulso mais forte em direção ao espaço.
Fisher disse que Trump está, “primeiro e acima de tudo, criando um novo regime regulatório que permita que novos participantes no setor espacial possam alcançar o próprio sucesso”, e acrescentou que é de “enorme significado estratégico” para os Estados Unidos e o resto do mundo que essas empresas privadas “tenham as bases legais para poder alcançar suas ambições no espaço”.
“Esta nova corrida espacial, se assim você quiser [definir desta forma], é a corrida para criar a economia espacial”, disse Fisher, acrescentando que à medida que a situação avança, “a corrida para criar a economia espacial implicará quem pode ser o primeiro a obter lucros reais de atividades no espaço”.
Ele observou: “O setor de satélite provou ser muito lucrativo para as indústrias terrestres por décadas e isso permanecerá. Mas quem será o primeiro a demonstrar que a Lua pode ser uma fonte de lucro? Quem será o primeiro a demonstrar que lucro pode ser obtido de Marte?”
O principal desafiante para os Estados Unidos nesta corrida é o regime chinês, que está promovendo um modelo alternativo para as indústrias espaciais, onde há apenas uma linha tênue entre a indústria privada e as empresas estatais, e onde as empresas espaciais são rigidamente reguladas para servir os interesses do Estado.
Na China, disse Fisher, toda indústria espacial do setor privado tem como núcleo o Partido Comunista Chinês, e que por meio de regulamentos e leis, “qualquer empresa do setor privado deve examinar sua tecnologia, seja ela qual for, e contribuir para a defesa da ditadura do Partido Comunista Chinês”.
O regime chinês anunciou planos para iniciar operações de mineração na Lua e também propôs conceitos como painéis solares orbitais que podem irradiar energia para a superfície da Terra usando tecnologia laser. Os planos suscitaram preocupações na comunidade de segurança, que a China poderia militarizar essas operações, o que colocaria em risco os satélites estratégicos dos EUA e permitiria que a China nacionalizasse partes da Lua.
“A projeção chinesa para o espaço é, antes de tudo, uma projeção militar”, disse Fisher.
“Quando a China for à Lua, possivelmente no início da década de 2030, não será apenas a China indo à Lua. Será o ELP [o Exército da Libertação Popular] indo à Lua. E ele buscará a exploração dupla do uso da Lua.”
A gestão Trump está usando um modelo diferente, baseado na redução da burocracia e abrindo caminho para que as empresas tenham oportunidade para inovar e se desenvolver.
Nos Estados Unidos, disse Fisher, “a nova corrida espacial está sendo liderada por empresas que buscam lucro, e esse é um conjunto muito diferente de condições”.
À medida que a corrida espacial avança, disse Fisher, “é concebível que as corporações do setor privado criem uma infraestrutura da Terra para a Lua e para Marte, o que torna politicamente atraente para a China e a Rússia se comportarem no espaço sideral”.