Do começo de julho até agora, o novo jogo para smartphones Pokémon Go, criado a partir do desenho animado japonês dos anos 1990, virou instantaneamente um fenômeno nos Estados Unidos e nos outros países onde foi lançado, mas também está sendo motivo de discussão.
Assaltos, invasões de propriedade, ferimentos leves e inclusive um cadáver encontrado no Wyoming estão sendo relacionados por autoridades e órgãos de imprensa americanos à utilização do aplicativo.
Criado pelas empresas Pokémon Company International, Niantic e Nintendo, o jogo de “realidade aumentada” faz uso do mapeamento de GPS e de recursos de câmera dos celulares. O que diferencia a nova versão da antiga é que através de seus smartphones os usuários procuram e prendem, em lugares diversos no mundo real, personagens virtuais como o Pikachu.
O aplicativo foi lançado na quinta-feira (7) e alcançou velozmente o topo da lista dos mais baixados da empresa de tecnologia Apple nos EUA ao longo do fim de semana.
O jogo por enquanto só pode ser baixado nos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia. Os próximos países serão Europa e Japão. Não há ainda uma data de lançamento no Brasil.
O jogo em pouco tempo já virou uma febre. De acordo com a empresa de avaliação de dados Similar Web, Depois de apenas cinco dias do lançamento, celulares americanos que possuem o sistema Android instalaram mais vezes o jogo do que o famoso aplicativo de namoro Tinder. O app se igualou até ao Twitter na quantidade de usuários dos EUA conectados diariamente, e deve ultrapassá-lo até o fim desta semana.
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Cilada de bandidos
Toda essa popularidade também trouxe problemas de polícia. Em St. Louis, no Missouri, quatro adolescentes utilizaram o Pokémon Go para emboscar pessoas que acabaram vítimas de assalto, de acordo com informações da imprensa e da polícia. Eles foram presos depois que uma das vítimas telefonou para a polícia.
“Acredita-se que esses suspeitos alcançaram as vítimas através do aplicativo Pokémon Go. Aparentemente eles estavam usando o app para localizar pessoas paradas no meio de um estacionamento ou em qualquer outro lugar”, informou a polícia em sua página no Facebook, que também aconselhou os usuários para que fiquem alerta quando utilizarem seus smartphones para procurar os personagens do jogo.
Propriedades invadidas e até um cadáver
Outros casos também ocorreram. Na Virginia, a polícia alertou que o aplicativo não pode ser usado como pretexto para a invasão de propriedades particulares. Policiais da cidade de Goochland constataram uma elevação do número de casos de invasões e práticas duvidosas durante o fim de semana simultaneamente ao aumento da fama do aplicativo.
Policiais encontraram pessoas dentro de lojas, igrejas e edifícios do governo durante a noite, horário em que esses lugares não estão abertos ao público.
No Wyoming, Shayla Wiggins, de 19 anos, seguia as orientações do jogo e procurava bichinhos de Pokémon perto do rio Big Wind quando se deparou com um cadáver perto de uma ponte. O corpo encontrado era de um homem que provavelmente se afogou. “Eu estava tentando pegar um Pokémon de água”, falou a jovem à rede de TV CNN. “Eu provavelmente não iria até lá se não fosse pelo jogo”, explicou. Mesmo depois do ocorrido, ela disse que vai continuar jogando.
A The Pokémon Company International e a Niantic, desenvolvedoras do app, declararam que têm conhecimento do que tem ocorrido com os jogadores. “Encorajamos todas as pessoas que estão jogando o Pokémon Go a prestar atenção no ambiente e jogar com os amigos quando forem para lugares novos ou desconhecidos. Por favor, lembrem-se de ficar seguros e alertas o tempo todo.”
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Distração e acidentes
Especialistas e autoridades já haviam previsto que os jogadores poderiam se machucar ou que poderia acontecer algo pior, como arriscar a própria vida durante as “caçadas”.
Na Austrália, os fãs do app foram alertados por uma delegacia para se lembrarem de olhar para os dois lados ao atravessar uma avenida.
Também foi emitido um alerta de trânsito pela polícia do Estado americano de Washington: “Não procure pokémons atrás do volante”, divulgou em seu Twitter.
Porém, acidentes já aconteceram. Mike Shultz, estudante de 21 anos, morador de Nova York, levou um tombo de seu patinete enquanto procurava Pikachu e seus amigos, o que fez com que cortasse a mão.
E a webdesigner Kyrie Tompkins sofreu uma torção no tornozelo porque caiu depois de receber uma notificação de que havia um pokémon próximo a ela. “Quando o telefone vibrou, levantei os olhos e caí num buraco”, falou.
Como se não bastasse tudo isso, o aplicativo também tem levantado algumas preocupações quanto à privacidade dos jogadores. Para jogar, é preciso conceder muitas permissões de acesso ao app – ele precisa de acesso à localização do usuário, à câmera e outros detalhes.
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Muito rapidamente, a Niantic, desenvolvedora do jogo, obteve um número enorme de informações – e as pessoas estão querendo saber o que a empresa vai fazer com tudo isso.
Problemas nos servidores
O jogo alcançou um número de usuários muito maior do que se esperava nos países onde foi feito seu lançamento e isso provocou travamento dos servidores. As empresas desenvolvedoras divulgaram que estão trabalhando para solucionar o problema, porém em vários países seu lançamento terá de ser adiado.
No Brasil, algumas pessoas baixaram o jogo por outros locais que não a loja oficial de aplicativos do Google e da Apple, por ainda não estar disponível, e o jogo até funcionou durante algumas horas, mas depois teve seu funcionamento bloqueado sem nenhum aviso das desenvolvedoras. Calcula-se que tenha sido por um provável bloqueio por localização, na tentativa de evitar sobrecarregar os servidores.