Astrônomos descobriram um planeta gasoso gigante do tamanho de Júpiter orbitando uma estrela com a metade do tamanho do nosso Sol – uma combinação que as teorias atuais das formações planetárias considerariam impossível.
Astrônomos da Universidade de Warwick descrevem a nova estrela e o planeta num artigo a ser publicado pelo periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
O planeta gigante, nomeado “NGTS-1b”, é uma gigantesca bola de gás quente de 530ºC que gira em torno de uma estrela anã M vermelha a 600 anos-luz da Terra. Ele é o maior planeta já encontrado em comparação com o tamanho da sua estrela.
Pequenas estrelas, de acordo com as teorias atualmente aceitas da formação dos planetas, só podem produzir pequenos planetas rochosos.
Ainda mais estranho, o NGTS-1b orbita extremamente próximo da sua estrela. O planeta gigante está a menos de 4,8 milhões de quilômetros da sua estrela. Em comparação, a Terra está a mais de 148 milhões de quilômetros do Sol.
Além disso, o NGTS-1b orbita sua estrela em 2,6 dias. A Terra, é claro, leva 365 dias para completar uma órbita solar.
“Apesar de ser um planeta monstruoso, o NGTS-1b foi difícil de encontrar porque sua estrela-mãe é tão pequena e débil”, disse o professor Peter Wheatley, da Universidade de Warwick. “Estrelas pequenas como essa anã M vermelha são de fato as mais comuns no universo, por isso, é possível que haja muitos desses planetas gigantes a serem encontrados.”
Se assim for, uma grande parte da teoria astronômica atual precisará de revisão.
O NGTS-1b é o primeiro planeta localizado pelo Next-Generation Transit Survey (NGTS), uma investigação científica que usa 12 telescópios para escanear o céu. Os telescópios varrem o céu noturno à procura de pequenas flutuações rítmicas na luz das estrelas, o que poderia significar que um planeta está transitando entre a estrela e a matriz telescópica.
Calculando as flutuações, os cientistas determinam o período de rotação.
Uma vez que um planeta é descoberto, os cientistas podem analisar a “oscilação” da estrela, ou as pequenas mudanças na rotação da estrela, que indicam a massa do planeta circundante.
Dr. Daniel Bayliss da Universidade de Warwick é o principal autor do estudo. Ele comentou: “A descoberta do NGTS-1b foi uma completa surpresa para nós, não se pensava que planetas tão maciços existissem em torno de estrelas tão pequenas.”
“Mais importante, nosso desafio agora é descobrir o quão comum esses tipos de planetas são na galáxia e, com a nova instalação do NGTS, estamos bem posicionados para fazer exatamente isso. Este é o primeiro exoplaneta que encontramos com a nossa nova instalação do NGTS”, continuou Bayliss, “e já estamos desafiando a sabedoria recebida de como os planetas se formam.”
A matriz telescópica do NGTS é administrada por uma coalizão de universidades: as universidades britânicas de Warwick, Leicester, Cambridge e a Queen’s University Belfast, além do Observatório de Genebra, a DLR Berlim e a Universidade do Chile.
A matriz está localizada no deserto do Atacama, no Chile, no sítio do Observatório Paranal do ESO.
Wheatley, que dirige o NGTS, ficou satisfeito com os resultados de sua equipe.
“Tendo trabalhado durante quase uma década para desenvolver o conjunto de telescópios do NGTS, é emocionante vê-lo identificar novos e inesperados planetas. Estou ansioso para ver que outros tipos de novos planetas excitantes podem aparecer”, acrescentou ele.