Um estudo conduzido por cientistas da Universidade Nacional Australiana sugere que o núcleo interno da Terra, tradicionalmente considerado uma única camada sólida, pode ser composto por duas camadas distintas.
Essa descoberta desafia a visão convencional de que a Terra é formada por quatro camadas: crosta, manto, núcleo externo e núcleo interno.
Os pesquisadores analisaram dados sobre atividades vulcânicas e sísmicas para chegar a essa nova conclusão. Eles estimam que o núcleo interno, que representa apenas 1% do volume total do planeta, atinge temperaturas superiores a 5.000 ºC.
Para investigar sua estrutura, o grupo utilizou um algoritmo de busca avançado que examinou milhares de modelos do núcleo interno. Então, correlacionou essas informações com dados históricos do Centro Sismológico Internacional, considerando o tempo que as ondas sísmicas levam para atravessar a Terra.
Os resultados mostram que o comportamento das ondas sísmicas varia conforme sua trajetória. Enquanto alguns modelos indicam que as ondas se movem mais rapidamente ao longo do equador, outros sugerem que uma mistura de materiais no núcleo resulta em velocidades maiores em direções paralelas ao eixo de rotação do planeta.
Essa discrepância levou os cientistas a cogitar a existência de duas camadas no núcleo interno, caracterizadas por diferentes propriedades físicas.
Publicado no Journal of Geophysical Research, o estudo revelou que, embora não houvesse grande variação na profundidade do núcleo interno, foi observada uma mudança substancial na direção das ondas sísmicas, que se alinha a um ângulo de 54 graus.
As direções mais rápidas das ondas foram detectadas correndo paralelamente ao eixo da Terra, o que reforça a hipótese de uma estrutura interna mais complexa do que se imaginava.
Os pesquisadores também consideram que essas novas evidências podem se relacionar a dois eventos de resfriamento na história da Terra, sugerindo uma alteração na estrutura do ferro que compõe o núcleo. No entanto, os detalhes desses eventos permanecem envoltos em mistério, e mais estudos serão necessários para entender completamente suas implicações.
Essa pesquisa oferece uma possível explicação para inconsistências observadas em estudos anteriores sobre a estrutura do núcleo interno. Além disso, a ideia de uma camada interna já foi discutida anteriormente, com indicações de que os cristais de ferro que formam o núcleo possuem diferentes alinhamentos estruturais.
Com esses novos dados, os cientistas esperam preencher lacunas importantes no conhecimento sobre a composição da Terra, promovendo um avanço na compreensão da geodinâmica do nosso planeta.