Em um esforço para proteger culturas valiosas, pesquisadores dos Estados Unidos criaram uma tecnologia genética inovadora capaz de reverter a resistência a inseticidas desenvolvida por alguns insetos, e que, depois de cumprir sua função, desaparece sem deixar traços de transgenes.
Chamado de “sistema de drive alélico auto eliminante” (Self-eliminating allelic drive, em inglês), o “e-Drive” foi desenvolvido por geneticistas da Universidade da Califórnia em San Diego. A pesquisa foi publicada no último dia 17 na Nature Communications.
O sistema reverte as formas resistentes aos inseticidas de genes mutados dos insetos para sua forma natural e original.
“Desenvolvemos uma abordagem biológica eficiente para reverter a resistência aos inseticidas sem causar qualquer outra perturbação ao meio ambiente,” disse o professor Ethan Bier, líder da pesquisa. “O e-Drive é programado para agir de forma transitória e depois desaparecer da população.”
Para alcançar os resultados promissores, os pesquisadores criaram uma “cassete genética”, um conjunto de sequências de DNA projetadas para realizar uma função específica, e a inseriram em moscas-das-frutas. O objetivo era corrigir um gene importante, tornando-o vulnerável aos inseticidas.
Usando a tecnologia CRISPR — uma ferramenta de edição genética que permite fazer alterações precisas no DNA de um organismo —, a cassete modificou o gene resistente a pesticidas, substituindo-o pela versão original, que torna os insetos susceptíveis aos produtos químicos.
Assim, quando esses insetos modificados se acasalam, transmitem o gene modificado para seus descendentes.
Para controlar a propagação, o gene foi colocado no cromossomo X, reduzindo a reprodução dos machos e fazendo com que o gene desaparecesse ao longo das gerações.
Nos testes em laboratório, isso resultou na correção completa dos insetos em oito a dez gerações, ou cerca de seis meses.
“Como os insetos que carregam a cassete genética são penalizados com um grande custo de aptidão, o elemento é rapidamente eliminado da população, durando apenas o tempo necessário para converter 100% das formas resistentes aos inseticidas do gene-alvo de volta para a versão original,” explicou o pesquisador Ankush Auradkar.
Há séculos, os inseticidas são utilizados no combate às pragas que prejudicam as plantações, mas, com o tempo, besouros, mariposas, moscas e outros insetos desenvolveram mutações genéticas que tornaram esses produtos químicos cada vez mais ineficazes.
Com isso, agricultores e especialistas em controle de vetores são forçados a aumentar o uso de compostos venenosos, com frequência e concentração cada vez maiores.
Confira a publicação completa com a novidade dos pesquisadores da Universidade da Califórnia em: Nature Communications.