Pesquisadores da Universidade de Tufts, nos EUA, liderados por Marco Presti, desenvolveram uma tecnologia inspirada nos superpoderes do Homem-Aranha. A invenção, em fase de testes, usa proteínas de casulos de mariposas e pode ter várias aplicações tecnológicas.
A técnica envolve disparar um material fluido de uma agulha que, ao tocar o ar, se solidifica, formando uma fibra que adere ao alvo e pode levantar pequenos objetos.
Presti e sua equipe estão adaptando o dispositivo para ser usado no pulso, imitando as teias do Homem-Aranha.
Tecnologia de seda artificial
A seda criada pelos pesquisadores vem de mariposas. O processo envolve a extração de proteínas chamadas fibroínas dos casulos, que são fervidos, formando um fluido. Esse fluido é transformado em uma fibra resistente ao ser extrudado por uma seringa ou bico.
O diferencial da equipe foi usar aditivos que solidificam a solução quase instantaneamente ao contato com o ar, permitindo que as fibras grudem nos objetos, imitando as teias do Homem-Aranha.
Para melhorar o processo, os cientistas adicionaram quitosana, um composto de exoesqueletos de insetos, à solução de seda, aumentando a resistência das fibras em até 200 vezes. Também usaram tampão de borato para elevar a adesividade em 18 vezes.
As fibras disparadas podem variar em diâmetro, desde o de um fio de cabelo humano até meio milímetro, dependendo do diâmetro da agulha usada no disparo.
Testes e desafios futuros
Os testes mostraram que as fibras podem levantar objetos até 80 vezes mais pesados, como parafusos de aço, blocos de madeira e um bisturi enterrado. Esses resultados evidenciam o potencial da tecnologia, que ainda está sendo aprimorada para maior força e adesividade.
Embora a seda natural de aranha seja mil vezes mais forte que a versão artificial, Presti acredita que, com mais pesquisa, a equipe pode melhorar a inovação e encontrar aplicações tecnológicas promissoras para a seda artificial.
O conceito, nas palavras de Presti, é mais inspirado em super-heróis do que na própria natureza, diferenciando-o de outras tecnologias bioinspiradas.
Inspiração acidental
O desenvolvimento dessa tecnologia começou de forma curiosa. Presti descobriu a ideia acidentalmente enquanto trabalhava em adesivos fortes. Ao limpar a vidraria com acetona, notou a formação de uma substância semelhante a teia no fundo do copo.
Esse fenômeno ocorreu devido à interação entre a fibroína da seda e a dopamina, um composto usado nos adesivos, que acelerou a solidificação da seda, criando fibras pegajosas e resistentes. A dopamina imita a química usada por cracas para se fixarem nas rochas.