Novo estudo endossa possibilidade de Europa, lua de Júpiter, ser habitável

25/06/2020 16:10 Atualizado: 25/06/2020 16:10

Por EFE

Redação Central, 25 jun – A Europa, um dos satélites de Júpiter, tem um oceano interior sob sua superfície gelada que pode ser capaz de sustentar a vida, uma teoria que foi novamente apoiada por um novo modelo desenvolvido por cientistas da Nasa.

A equipe também calculou que tal água poderia ter sido formada pela decomposição de minerais que teriam sido liberados, seja por forças das marés ou por um processo chamado decaimento radioativo.

Os resultados, que ainda não foram analisados por outros especialistas, mas que podem ter implicações para outras luas do Sistema Solar, foram apresentados na conferência Goldschmidt. O encontro internacional anual, o principal sobre geoquímica, está sendo realizado virtualmente neste ano devido à pandemia do novo coronavírus.

A Europa tem um diâmetro de 3,1 mil quilômetros, ligeiramente menor que a lua da Terra, e orbita Júpiter a cerca de 780 milhões de quilômetros do Sol. A temperatura de sua superfície nunca excede -160 graus Celsius, mas a temperatura de seu oceano subterrâneo ainda é desconhecida.

É uma das maiores luas do Sistema Solar, e desde que as sondas Voyager e Galileo voaram sobre ela, os cientistas têm argumentado que a crosta de superfície congelada flutua em um oceano subterrâneo, cuja origem e composição não estão claras.

Usando dados da missão Galileu, pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa fizeram modelos dos depósitos geoquímicos dentro da Europa.

O pesquisador principal, Mohit Melwani Daswani, explicou em um comunicado que eles modelaram a composição e as propriedades físicas do núcleo, da camada de silicato e do oceano. Como resultado, a equipe descobriu que diferentes minerais perdem água e material volátil em diferentes profundidades e temperaturas.

“Somamos estes componentes voláteis que se estima terem sido perdidos do interior (do satélite) e vimos que são consistentes com a massa prevista do oceano atual, o que significa que provavelmente estão presentes no oceano”, destacou o especialista.

Oceanos como o interior da Europa podem ter sido formados pelo metamorfismo, ou seja, o aquecimento e o aumento da pressão causado pelo decaimento radioativo precoce ou pelo subsequente movimento sub-superficial da maré causaria a decomposição e a liberação de minerais contendo água.

O oceano subterrâneo do satélite de Júpiter pode ter sido ligeiramente ácido no início, com altas concentrações de dióxido de carbono, cálcio e sulfato, conforme alguns dados indicam.

Na verdade, pensava-se que ainda poderia ser bastante sulfúrica, mas as novas simulações, juntamente com os dados do Telescópio Espacial Hubble, mostram a presença de cloreto na superfície da Europa, sugerindo que a água muito provavelmente se tornou rica nessa substância.

“Em outras palavras, sua composição tornou-se mais parecida com a dos oceanos da Terra. Acreditamos que este oceano pode ser bastante habitável para a vida”, explicou Melwani.

“Essa lua de Júpiter é uma das nossas melhores oportunidades de encontrar vida em nosso Sistema Solar”, completou o especialista, que lembra que a missão Europa Clipper, que a Nasa lançará dentro de alguns anos, tem como objetivo investigar a habitabilidade do satélite.

O modelo criado pela equipe os leva a pensar que os oceanos de outras luas, como Ganímedes – vizinha da Europa – e Titan – satélite de Saturno – também podem ter sido formados por processos similares, mas ainda há aspectos a serem entendidos, incluindo a forma como os fluidos migram através do interior rochoso da Europa.