Netuno: 178 anos de sua revelação 

23 de setembro celebra a descoberta do “Gigante Azul”, o planeta mais remoto do Sistema Solar

Por Redação Epoch Times Brasil
23/09/2024 14:50 Atualizado: 23/09/2024 14:50

Há exatos 178 anos, na noite de 23 de setembro de 1846, o astrônomo alemão Johann Gottfried Galle fez uma descoberta que mudaria a compreensão do cosmos: ele confirmou a existência de Netuno, o “Gigante Azul”, nomeado em homenagem ao deus romano do mar.

A revelação do 8º planeta do Sistema Solar só foi possível graças ao trabalho do matemático francês Urbain Le Verrier, que, apenas com números e cálculos, previu a localização do planeta.

Le Verrier observou as sutis perturbações na órbita de Urano, descoberto 65 anos antes, e, com isso, teorizou que um novo corpo celeste estaria nas proximidades.

Antes, porém, um jovem astrônomo inglês, John Couch Adams, já havia percebido que Urano não seguia exatamente o caminho que seus colegas haviam calculado, indicando que outro corpo o puxava gravitacionalmente. Mas ninguém na Inglaterra considerou sua teoria.

Na França, a tese de Le Verrier também foi rejeitada. Sem desanimar, ele a apresentou ao alemão Galle.

Confiança e determinação 

Naquela época, telescópios poderosos eram raros, mas a determinação de Galle e a confiança na teoria do matemático, o levaram a explorar o céu e desvendar o mistério. 

Em sua primeira noite de busca, usando um desses equipamentos sofisticados naquele período e com o apoio de outro astrônomo alemão, Heinrich Louis d’Arrest, Galle avistou Netuno muito próximo da posição calculada por Le Verrier.

Encontrar Netuno entre as estrelas de Aquário não é tarefa fácil, afirmam os especialistas. Na sexta-feira (20), o aniversariante da semana atingiu seu ponto de oposição e ficou mais próximo da Terra, a cerca de 2,69 bilhões de milhas, revelando seu brilho máximo.

Desde que Plutão foi reclassificado como um planeta anão em 2006, Netuno tornou-se o planeta mais distante do Sol, localizado a cerca de 4,5 bilhões de quilômetros do astro-rei.

É impossível visualizá-lo a olho nu. Porém, os astrônomos garantem que, em um céu escuro e rural, com muita paciência e um bom binóculo, dá para avistá-lo e experienciar a emoção sentida por Galle na noite de descoberta, há quase duzentos anos.

Como localizar Netuno

Os astrônomos sugerem iniciar a busca por Netuno localizando Saturno, o objeto mais brilhante no céu sudeste, logo após o pôr do sol.

Com binóculos, será preciso mover o olhar cerca de 2½ campos de visão para a esquerda de Saturno e procurar um padrão de estrelas fracas.

Também é importante dar tempo para os olhos se adaptarem à escuridão, o que pode levar cerca de 20 minutos.

Outra dica dos especialistas é anotar o que se vê em cada noite. Com isso, será possível   notar como Netuno muda de posição em relação às estrelas, facilitando sua identificação.

Para quem estiver com um telescópio, Netuno aparecerá como um pequeno disco azul-esverdeado, distinto das estrelas ao redor.

Netuno e seus mistérios

O Gigante Azul é, na verdade, um gigante gasoso cuja atmosfera é composta principalmente de hidrogênio e hélio, com a presença de hidrocarbonetos e possivelmente nitrogênio.

Seu interior é formado por gelo e rochas, que também constituem seus anéis, menos visíveis do que os de Saturno.

Pesquisadores acreditam que a quantidade de gelo, incluindo água, amônia e metano, seja maior do que a encontrada em outros gigantes planetários.

Os ventos em Netuno também são os mais fortes, superando os de Júpiter e Saturno, com velocidades que podem chegar a 2.100 km/h. Além disso, este é o planeta mais frio do sistema solar, com uma temperatura média de –214 °C.

Com um diâmetro de cerca de 49.244 km, Netuno é o quarto maior planeta e apresenta tempestades constantes em sua atmosfera. O gigante possui 14 luas conhecidas, sendo Tritão a mais famosa, com geologia ativa e geysers, que são fontes de água que emitem nitrogênio gasoso.

Primeira missão

As informações sobre as características de Netuno foram coletadas durante a primeira e única missão a passar pelo planeta.

Em agosto de 1977, a Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (NASA) lançou a Voyager 2, que fez seu sobrevoo por Netuno em agosto de 1989, após visitar Júpiter e Saturno.