Cientistas descobriram que certos metais podem se consertar sozinhos quando trincados ou danificados, sem a necessidade de intervenção humana. Essa descoberta pode trazer grandes mudanças na maneira como construímos e mantemos carros, aviões, pontes e até máquinas industriais, tornando esses objetos mais duráveis e seguros.
Atualmente, consertar metais exige soldagem, um processo que derrete o metal a temperaturas muito altas, consumindo muita energia. No entanto, pesquisadores do Laboratório Nacional Sandia, nos EUA, descobriram que alguns metais, como a platina, podem se “curar” sozinhos quando danificados em escala microscópica.
O estudo liderado pelo cientista Brad Boyce mostrou que, ao aplicar tensões repetitivas em um pedaço de platina, pequenas trincas surgiram, como esperado. No entanto, após 40 minutos, uma das trincas começou a se fechar sozinha, sem deixar marcas visíveis, e sem necessidade de calor ou qualquer outro estímulo externo.
A capacidade de “autocura” em metais pode revolucionar a indústria, viabilizando materiais que se regeneram sozinhos, com maior durabilidade e menor custo de manutenção. Componentes como motores e fuselagens poderiam se reparar automaticamente, aumentando sua vida útil e tornando seu uso mais econômico e seguro.
Essa descoberta não é completamente inédita. Em 2013, dois pesquisadores já haviam sugerido que metais poderiam se consertar sozinhos, observando que, sob certas condições, sua estrutura interna poderia preencher as trincas. O estudo liderado por Brad Boyce agora confirma essa teoria com experimentos de laboratório.
Além da platina, pesquisadores do Instituto de Física da Academia Chinesa de Ciências observaram fenômenos semelhantes em nanofios de prata. Esses fios, extremamente finos, conseguiram se regenerar tanto em temperatura ambiente quanto em condições de frio extremo, a -100 ºC, reorganizando-se com tanta precisão que não houve perda de resistência.
No entanto, nem todos os metais mostraram essa capacidade. Por exemplo, testes com ouro não apresentaram os mesmos resultados que com a platina e a prata. Isso sugere que a capacidade de autocura pode depender das características de cada tipo de metal.
Os cientistas agora estão focados em entender melhor como esse processo ocorre e se ele pode ser aplicado a outros metais. Se isso for possível, poderíamos ver uma nova geração de materiais autorregenerativos, que seriam mais eficientes, seguros e econômicos em uma ampla gama de aplicações.