Por Rhett A. Butler, Mongabay.com
Cientistas descobriram uma “supercolônia” de pinguins-de-adélia nas remotas Ilhas Danger na Antártida, aumentando as esperanças de que a população dessas aves não esteja diminuindo tão rapidamente quanto se pensava anteriormente.
A descoberta, que foi documentada num artigo publicado recentemente na Scientific Reports, ocorreu após a bióloga Heather Lynch, da Universidade de Stony Brook, e Mathew Schwaller, da NASA, notarem aparentes manchas de guano em imagens de satélite das Ilhas Danger, um arquipélago remoto de ilhas congeladas ao norte da Península Antártica, em 2014.
Em dezembro de 2015, Lynch e uma equipe de pesquisa multinacional realizaram uma expedição às ilhas, encontrando milhares de aves nidificando. Os cientistas utilizaram drones quadricópteros para examinar as áreas de nidificação de forma automatizada e, em seguida, usaram um software para processar as imagens para ninhos individuais. A abordagem permitiu uma contagem rápida e altamente precisa relativa às observações no solo.
“O drone permite que você sobrevoe uma ilha tirando fotos uma vez por segundo”, disse o coautor do estudo, Hanumant Singh, engenheiro da Northeastern University que desenvolveu o sistema de imagem e navegação do drone. “Você pode então juntá-las numa enorme colagem que mostra toda a massa de terra em 2D e 3D.”
Ao todo, os pesquisadores contaram mais de um milhão e meio de pinguins.
“Nossa pesquisa revela que as Ilhas Danger hospedam 751.527 pares de pinguins-de-adélia, mais do que o restante da região da Península Antártica combinada, e incluem a terceira e quarta maiores colônias de pinguins-de-adélia no mundo”, escreveram os cientistas.
A descoberta é significativa por alguns motivos, disseram os pesquisadores. Primeiro, o estudo valida a abordagem de combinar imagens de satélite com levantamentos terrestres e de veículos aéreos não tripulados. Em segundo lugar, mostra que a população de pinguins-de-adélia nas Ilhas Danger parece ter evitado os declínios observados na Península Antártica Ocidental. Por fim, os cientistas recomendam a criação de uma área marinha especial protegida para as Ilhas Danger.
“Até recentemente, as Ilhas Danger não eram conhecidas como um importante habitat de pinguins”, disse Lynch num comunicado. Agora que sabemos o quão importante é essa área para a abundância dos pinguins, podemos avançar na elaboração de áreas marinhas protegidas na região e no gerenciamento da pesca do krill antártico.”
Rhett Butler é o fundador e CEO do Mongabay. Essa matéria foi originalmente publicada no Mongabay.com