Por Anastasia Gubin, Epoch Times
A maconha pode afetar a fertilidade em mulheres e homens ao diminuir a contagem de espermatozoides, atrasando ou anulando a ovulação e, portanto, as chances de conceber, relataram pesquisadores através de estudos anteriores publicados no Journal of the Canadian Medical Association em 10 de junho.
A análise conduzida pela Dra. Sara Ilnitsky, da Western University em Ontário, no Canadá, e o Dr. Stan Van Uum, concluem que, considerando a importância de tais efeitos nocivos para a reprodução, “mais pesquisas e de melhor qualidade são necessárias” sobre as implicações para a fertilidade do uso recreativo da maconha”.
As afirmações se baseiam no fato de que o composto psicoativo da maconha, o THC (tetrahidrocanabinol), atua no chamado sistema endocanabinoide do corpo humano, que também é encontrado nos tecidos reprodutivos. Daí seus efeitos.
Segundo a doutora Limitsky, o THC tem uma meia-vida prolongada de 20 a 36 horas. Uma vez no corpo, ativa os receptores canabinóides, que fazem parte do sistema endocanabinoide, que além de afetar os órgãos reprodutivos internos em ambos os sexos, atua no hipotálamo da glândula pituitária do cérebro.
Diminui a contagem de espermatozoides nos homens
Pesquisas mostram que fumar maconha mais de uma vez por semana durante os 3 meses anteriores à análise está associado a uma redução de 29% na contagem total de espermatozoides. A motilidade e a morfologia do esperma não foram afetadas.
Limitsky e Van Uum citam a pesquisa realizada com um total de 1.215 jovens dinamarqueses de 18 a 28 anos recrutados entre 2008 e 2012. Eles participaram de um exame médico obrigatório para determinar sua aptidão para o serviço militar. Os resultados foram então publicados no Jornal de Epidemiologia dos Estados Unidos em 2015.
Atrasa ou inibe a ovulação em mulheres
Ao analisar o efeito em 201 mulheres atendidas na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a ovulação de mulheres fumantes frequentes atrasou em uma média de 1,7 a 3,5 dias em comparação com controles em 29 mulheres.
Nesse estudo, também publicado no Medical Journal, 43% dos ciclos anovulatórios confirmados ocorreram em fumantes de maconha, embora representem apenas 15% da população do estudo. Nesse sentido, a análise canadense alerta que nenhuma análise estatística foi realizada.
Novos estudos são necessários para corroborar essa afirmação.
De acordo com as informações obtidas até agora, os pesquisadores sugerem que “para a maioria dos casais, fumar maconha não afeta sua capacidade de conceber, mas para casais com baixa fertilidade ou infertilidade, isso pode ser um fator contribuinte”.
“Os dados da pesquisa nacional seccional (Estados Unidos) indicam que fumar maconha, desde menos de uma vez por mês até todos os dias, em qualquer um dos casais não afeta significativamente o tempo de gravidez”, diz o relatório dos doutores Limitsky e Van Uum.
“Para casais com infertilidade, alterações na função ovulatória e contagem de espermatozoides associado ao uso de maconha podem agravar sua dificuldade em conceber.”
Outras análises
Uma análise da Universidade de Harvard em um artigo de fevereiro também confirmou que estudos anteriores sobre a maconha sugeriram que ela está associada a efeitos negativos sobre a saúde reprodutiva masculina.
No entanto, Harvard fez uma análise com 662 pessoas com idade média de 36 anos, brancas, entre os anos de 2000 e 2017. Os resultados não mostraram uma redução, mas, pelo contrário. Neles, os dados reuniam aqueles que já fumaram e pararam, com 11% que eram fumantes atuais. Nem é um grupo homogêneo como no caso dos dinamarqueses.