Por Nathan Worcester
Enquanto a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) considerou julho de 2021 o julho mais quente da Terra em 142 anos de manutenção de registros, temperaturas recentes na Antártica, o continente mais frio do planeta, estiveram mais geladas do que nunca. Na verdade, o período de escuridão polar de 2021, de abril a setembro, foi o mais frio já registrado próximo ao Polo Sul.
O Dr. David Bromwich, do Centro de Pesquisa Polar e Climática Byrd da Ohio State University, disse ao Epoch Times que o registro é baseado em leituras diretas de temperatura no Posto Amundsen-Scott do Polo Sul.
“As medições de satélite começaram no final da década de 1970, portanto esta não é uma fonte que pode ser consultada”, escreveu ele por e-mail.
“Não consultamos nenhum outro posto.”
As temperaturas caíram para uma média recorde de quase 78 graus Fahrenheit negativos (aproximadamente -61 graus celsius) entre abril e setembro, de acordo com o National Snow & Ice Data Center (NSIDC).
Em 9 de outubro, a CNN divulgou uma história com a manchete: “Os últimos seis meses da Antártica foram os mais frios já registrados”.
Esta manchete, que exagerou o âmbito geográfico do frio recorde, pode ter sido baseado em uma versão anterior da declaração do NSIDC, que afirmava que as temperaturas “no continente Antártico” estavam entre as mais frias já registradas no inverno Antártico (junho, julho e agosto) e o mais frio já registrado de abril a setembro.
O NSIDC divulgou esclarecimentos sobre esse ponto em 13 de outubro, alterando “no continente Antártico” para “o interior do continente Antártico, especificamente a região próxima ao Polo Sul”.
“O frio incomum foi atribuído a dois longos períodos de ventos circundantes mais fortes do que a média ao redor do continente, os quais tendem a isolar a camada de gelo das condições mais quentes”, diz a declaração do NSIDC. “Um forte vórtice polar da alta atmosfera também foi observado, levando a um buraco significativo na camada de ozônio”.
O inverno extremamente frio chega apenas um ano e meio depois que um posto de pesquisa da Antártica, a base argentina Esperanza na península mais ao norte do continente, atingiu um novo recorde de alta temperatura para o continente: 18,3 graus Celsius, ou quase 65 graus Fahrenheit, no dia seis de fevereiro de 2020.
Esse recorde foi formalmente reconhecido pela World Meteorological Association (WMO) em julho de 2021.
Outros comentaristas destacaram uma tendência mais ampla de resfriamento no continente Antártico, incluindo sua península, nas últimas décadas.
Na página da web WattsUpWithThat, Pierre L. Gosselin chamou a atenção para vários artigos científicos recentes que mencionaram ou analisaram a tendência de resfriamento daquela região desde a década de 1990, a qual decorreu de uma tendência de aquecimento acentuado no início do século XX.
Um dos artigos mencionados por Gosselin, publicado na Nature em 2017, rastreou o crescimento de várias espécies de líquen, descobrindo que seu crescimento diminuiu ou seus números entraram em colapso durante recentes verões antárticos mais frios.
Cientistas entrevistados na mídia sobre o frio recorde no Polo Sul enfatizaram que ele não nega ou refuta os efeitos do aquecimento global, inclusive na Antártica.
“Um inverno frio é interessante, mas não muda a tendência de longo prazo, que é o aquecimento”, afirmou Eric Steig, cientista atmosférico da Universidade de Washington, ao The Washington Post.
“Embora o globo, como um todo, possa estar mais quente do que a média, algumas áreas ainda observarão temperaturas mais frias e até mesmo severos surtos de frio”, relatou Zachary Labe, cientista climático da Colorado State University, à CNN.
Em contraste, os cientistas não hesitaram em vincular o calor recorde na Base Esperanza em 2020 às mudanças climáticas.
“É um sinal do aquecimento que está acontecendo lá, o qual é muito mais rápido do que a média global”, afirma James Renwick, cientista climático da Victoria University of Wellington, ao The Guardian Australia em 2020.
“Este é o registro de apenas um posto, mas está em contexto aos acontecimentos de outros lugares e é mais uma evidência de que, à medida que o planeta se aquece, obtemos mais registros de calor e menos registros de frio”, declarou Steve Rintoul, da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade da Austrália, ao The Guardian como parte desse mesmo artigo.
Nas redes sociais, os usuários citaram o frio recorde próximo no Polo Sul como motivo para o ceticismo sobre a forma como a mudança climática, ou aquecimento global, tem sido popularmente apresentada.
“Err …. é por isso que o ‘aquecimento global’ foi rebatizado como ‘mudança climática’? Pensativo sobre o Polo Sul que congelou no inverno mais frio já registrado”, escreveu um usuário anônimo no Twitter.
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