Entre setembro e outubro de 2024, a Groenlândia foi palco de um evento climático extraordinário: o lago Catalina, localizado no leste do país, liberou 3,4 quilômetros cúbicos de água, o equivalente a 3 bilhões de litros — o que representa três vezes o consumo anual de água da Dinamarca.
Esse fenômeno foi registrado pela primeira vez em tempo real por satélites e está entre as três maiores inundações glaciais já documentadas, de acordo com a Universidade de Copenhague.
O lago Catalina estava represado pelo glaciar Edward Bailey, que acumulou água por mais de 20 anos.
Também chamado de geleira, glaciar é uma grande massa de gelo que se forma durante um longo período de tempo, podendo levar até 30 mil anos para se constituir.
À medida que o volume de água crescia, o glaciar se elevou, formando um túnel de 25 quilômetros de extensão, que acabou liberando a água no Scoresby Sound, o maior fiorde do mundo.
Palavra oriunda do norueguês (fjord), fiorde é uma grande entrada de mar entre altas montanhas rochosas, originada por erosão causada pelo gelo de antigo glaciar.
Esse tipo de evento é conhecido como inundações de lagos glaciais (GLOF) e vem se tornando mais frequente.
Embora a Groenlândia tenha uma baixa densidade populacional e o evento não tenha causado danos consideráveis, um estudo publicado em 2023 alertou que cerca de 15 milhões de pessoas no mundo estão sob risco de inundações glaciais. A pesquisa foi publicada na revista Nature.
A energia gerada pela liberação da água foi comparável à produção da maior usina nuclear do mundo operando a plena capacidade por 22 dias. No entanto, a Groenlândia carece de infraestrutura para aproveitar esse tipo de fenômeno para geração de energia.