Inteligência artificial forçará mudança no contrato social, afirma CEO da OpenAI

Por Antonio Broto, EFE
30/05/2024 23:20 Atualizado: 30/05/2024 23:20

A inteligência artificial (IA) forçará uma mudança no contrato social, no sistema econômico e trabalhista do mundo, opinou nesta quinta-feira o diretor executivo da OpenAI, Sam Altman, que garantiu que a tecnologia “não eliminará todos os empregos” porque sempre haverá “coisas novas para fazer”.

“Será durante um longo período de tempo, não acontecerá no ano que vem ou no outro, mas trará mudanças no contrato social, dado o poder que esperamos que essa tecnologia tenha”, disse o empresário em seu discurso por videoconferência na cúpula global de IA realizada nesta semana em Genebra.

“A tecnologia traz mais abundância, nos leva a novos níveis, mais prosperidade, e eu sou otimista, não acho que precisamos intervir nela de uma maneira especial”, disse o empresário que lidera a OpenAI, conhecida por criar o modelo de linguagem ChatGPT, um dos primeiros exemplos de uso generalizado de IA, desde 2019.

O efeito desse tipo de ferramenta, segundo ele, já está sendo visto na sociedade desde o lançamento do ChatGPT 4 na mídia.

“A área em que estamos vendo o maior impacto é a produtividade, as pessoas em setores como o desenvolvimento de software podem fazer seu trabalho com muito mais rapidez e eficiência. Como outras ferramentas tecnológicas, ela se torna parte do ritmo de trabalho e logo se torna algo que não se pode dispensar”, comentou Altman.

Um avanço que supera o ser humano

Questionado sobre o escopo filosófico de uma invenção como a inteligência artificial, talvez a primeira a um dia superar o homem, ele disse que “ela aumentará a nossa admiração pelo mundo, nos fará pensar sobre nosso lugar no universo e nos trará humildade”.

“Na história da ciência, nós, humanos, temos estado cada vez menos no centro. Costumávamos pensar que o Sol girava em torno da Terra, um pensamento muito centrado em nós, depois percebemos que era o contrário, mais tarde que havia outras estrelas e, indo além, há o multiverso, que nos reduz quase a nada”, teorizou.

Na conferência, organizada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), parte das Nações Unidas, Altman comentou que a inteligência artificial pode ajudar a criar uma governança global mais participativa, na qual todos possam contribuir com soluções para os problemas do planeta.

“É possível imaginar um mundo em que as pessoas possam conversar com o ChatGPT sobre suas preferências individuais e que elas sejam levadas em conta no sistema”, exemplificou.

Diante do perigo de que a dependência da IA reduza a capacidade de aprendizado humano (da mesma forma que a internet parece ter diminuído nossa capacidade de memorizar dados), Altman está novamente otimista.

“O aprendizado é uma habilidade humana profunda, maior nos estágios iniciais de nossas vidas, mas nunca desaparece, e continuará a ser um bônus cultivá-lo, e teremos ainda mais incentivos para fazê-lo no futuro”, previu.

ChatGPT 4-o, a versão mais recente

Com relação ao ChatGPT 4-o, lançado há algumas semanas e já capaz de conversar com o usuário, Altman destaca que o modelo melhorou sua capacidade de lidar com todos os tipos de idiomas, em comparação com as versões anteriores do chatbot que apresentavam melhor desempenho em idiomas como inglês, francês ou espanhol e pior desempenho em outros idiomas mais minoritários.

“Ele pode atender a 97% da população mundial no principal idioma que ela usa”, comentou o CEO da OpenAI, que enfatizou a necessidade de que esse tipo de tecnologia seja feito à imagem e semelhança dos seres humanos, apesar dos perigos de um dia ser confundido com eles.

“É importante projetar sistemas que sejam compatíveis com os humanos, mas é um erro presumir que eles sejam humanos em seu pensamento, habilidades ou limitações. Nós os treinamos para que se comportem como clones, mas é evidente que eles podem fazer coisas extremamente sobre-humanas”, destacou.

Altman ficou um pouco desconfortável quando a sessão lembrou a recente polêmica com a atriz Scarlet Johansson, que acusou a empresa OpenAI de usar sua voz para o ChatGPT 4-o, de uma forma que lembrava seu papel como uma inteligência artificial no filme “Ela” (2013).

“Não é a voz dela, não era para ser, sinto muito pela confusão. Não sei o que mais posso dizer”, acrescentou Altman.