Os governos mundiais reunidos em uma cúpula de segurança sobre inteligência artificial (IA) no Reino Unido alertaram, nesta quarta-feira, em declaração conjunta, para as consequências potencialmente “catastróficas” da nova tecnologia.
Estados Unidos, China, Índia e países da União Europeia como França, Alemanha e Espanha estão entre os 29 signatários de um texto que enfatiza que é “especialmente urgente” analisar os perigos representados pela nova tecnologia e chegar a acordos sobre medidas preventivas precoces.
“Vamos nos comprometer a trabalhar em conjunto, de forma inclusiva, para garantir uma inteligência artificial centrada no ser humano, confiável e responsável”, diz a declaração, acordada antes da cúpula, que sublinha que a melhor forma de enfrentar os riscos é a “cooperação internacional”.
Reunidos em Bletchley Park, onde os códigos nazistas foram decodificados durante a Segunda Guerra Mundial, os representantes das principais potências tecnológicas do mundo constataram o “potencial transformador” da IA, que pode aumentar “o bem-estar, a paz e a prosperidade”.
No entanto, junto com estes benefícios potenciais, existem “riscos significativos” que exigem a garantia de que o desenvolvimento da tecnologia permaneça sob “supervisão humana adequada”.
A declaração reconhece o perigo de a IA gerar “conteúdos manipulados” ou “enganadores” e insiste na tomada de medidas nesse sentido, mas vai mais longe e alerta para as futuras ameaças dos sistemas de “fronteira” que excederão as capacidades dos atuais modelos mais avançados.
Além da desinformação, os governos dizem estar particularmente preocupados com as aplicações da IA em áreas como a cibersegurança e a biotecnologia.
“Existe o potencial para danos graves e até catastróficos, deliberados ou não”, destaca o comunicado conjunto.
“Dado o ritmo rápido e incerto da mudança na IA, e no contexto da aceleração do investimento em tecnologia, afirmamos que aprofundar a nossa compreensão desses riscos potenciais e ações para mitigá-los é especialmente urgente”, acrescenta a declaração.
O diretor executivo da Tesla e proprietário da rede social X (ex-Twitter), Elon Musk, defendeu nesta quarta-feira a criação de um “árbitro independente” para garantir o desenvolvimento seguro da IA, a qual descreveu como uma das “principais ameaças à humanidade”.
Na cúpula, o magnata defendeu a necessidade de regulamentar a atividade das empresas que desenvolvem este tipo de sistemas.
“Penso que o que realmente queremos fazer aqui é estabelecer um quadro de vigilância. Que exista pelo menos um terceiro, um árbitro independente, que possa analisar o que as principais empresas de IA estão fazendo e denunciar se surgirem preocupações”, disse Musk aos jornalistas.
“Pela primeira vez, estamos em uma situação em que há algo que vai ser mais inteligente do que o mais inteligente dos humanos”, declarou o empresário, que vê a inteligência artificial como “uma das maiores ameaças à humanidade”.
Na opinião de Musk, “não está claro se podemos realmente controlar algo assim”.
“Mas penso que devemos tentar orientar (a tecnologia) em uma direção que seja benéfica para a humanidade”, analisou
Musk, que deverá conversar com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, na quinta-feira, disse que não foi à cúpula para defender “nenhuma política em particular”.
O Reino Unido impulsionou a primeira cúpula de segurança global sobre inteligência artificial (AISS, na sigla em inglês), que voltará a se reunir dentro de seis meses na Coreia do Sul e em um ano em França.
A primeira reunião, que se prolongará até quinta-feira, conta com a participação de governos e representantes das principais empresas tecnológicas mundiais, como OpenAI, Google DeepMind, Anthropic, Meta e Microsoft.
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