Era 1993, Kathleen Elmore, dirigia através de um cruzamento e um caminhão vinha contra seu carro pelo lado esquerdo. “Isso não é bom”, pensou ela.
“Morrer não dói”, disse Elmore, quando narrava sua experiência na Associação Internacional de Estudos de Quase Morte (IANDS, no original em inglês) na conferência de 2011.
“Todo aquele imenso, enorme impacto parecia como se alguém apenas tivesse me tocado no ombro, e eu fui direto para cima.”
Elmore disse que sua consciência foi a 50 ou 60 pés acima em direção a uma bela luz branca, onde sentiu um “amor incrível” e ouviu uma bela música. Lá, ela conheceu três seres que estão “além dos anjos”, disse ela, e que tinham ajudado a planejar sua vida antes de ela nascer. Ela teve uma conversa com eles, enquanto observava as pessoas resgatando-a abaixo. Após retornar à vida, ela ganhou a habilidade de ver a energia ao redor da Terra e a consciência coletiva das pessoas, disse ela.
Episódios que as pessoas experimentam quando estão clinicamente mortas ou perto da morte clínica são narradas como experiência de quase morte (EQM) num livro de 1975, chamado “Vida depois da vida”, de Raymond Moody, M.D. e Ph.D. em filosofia e psicologia. O livro tem atraído acadêmicos ao estudo do fenômeno, e levou a fundação IANDS, em 1981, a auxiliar pesquisas de quase morte. Entre 2 e 4 de setembro de 2011, pessoas que tiveram EQMs e pesquisadores se reuniram em Durham, N.C., EUA, para compartilhar suas experiências e descobertas ao longo dos últimos 30 anos.
Na parte 1 desta série, mencionamos que Eben Alexander, M.D., teve uma EQM, quando seu cérebro foi danificado por meningite bacteriana aguda, e que Bruce Greyson, M.D. e diretor da Divisão de Estudos da Percepção da Universidade da Virgínia, informou que o funcionamento mental das pessoas é, na maioria dos casos, melhor durante a EQM do que o habitual, e que elas ainda podem lembrar suas EQMs com muita precisão mesmo 20 anos após o evento.
Nesta parte, olhamos a validade das EQMs através de seus efeitos posteriores nos que as experimentaram.
O estudo dos efeitos posteriores
Durante sua palestra na conferência da IANDS, Greyson mencionou que alguns “pseudocéticos”, como ele chama, cientistas fechados às descobertas da EQM, acreditam que o fenômeno da EQM não é algo que pode ser estudado cientificamente porque as EQMs não são algo material, e eles não podem medi-las.
Greyson argumentou que houve uma grande quantidade de estudos feitos sobre as emoções, embora não se reconheça a existência material delas.
“São o amor e o medo materiais?”, perguntou ele. “Há certamente uma série de pesquisas científicas sobre essas coisas. Nós não podemos vê-los, mas certamente podemos medir seus efeitos, e de seus efeitos, aprendemos, cientificamente, muito sobre eles.”
Num estudo científico, há muitas coisas que medimos indiretamente. Por exemplo, o estudo dos físicos sobre a matéria escura não se faz através da observação direta de sua existência, mas através de meios indiretos, tais como o cálculo da discrepância da massa de um corpo cósmico estimado de diferentes maneiras.
Na semana passada, a NASA anunciou que sua missão Kepler confirmou a existência de um planeta invisível, o Kepler-19c, observando-se o ciclo de órbita de um planeta próximo, o Kepler-19b, que é visto como sendo influenciado por uma força gravitacional desconhecida.
A equipe da missão Kepler também publicou um artigo na revista Science em 16 de setembro de 2011 sobre a descoberta do planeta Kepler-16b orbitando dois sóis com baixa massa. A descoberta foi feita a partir de eclipses, alguns dos quais foram possíveis graças aos dois sóis obscurecerem um ao outro.
Usando a câmara de bolhas como uma analogia, Greyson argumentou que a EQM pode ser estudada cientificamente. A câmara de bolhas é um recipiente no qual partículas subatômicas passam por um líquido, deixando um rastro de bolhas em suas trilhas. As partículas são muito pequenas e se movem a uma velocidade muito rápida para que possamos observá-las, mas observando as bolhas que se formam em torno de suas trajetórias, podemos aprender sobre essas partículas. Da mesma forma, disse Greyson, podemos aprender sobre as EQMs a partir de seus efeitos.
“Para os verdadeiros cientistas, a suprema autoridade é a experiência, não a teoria”, disse ele.
Alguns podem pensar que essas pessoas devem ser religiosas, e suas experiências poderiam ser sua imaginação. No entanto, entre essas pessoas, existem aquelas que não eram religiosas antes de sua EQM, e Greyson descobriu que um dos efeitos das EQMs é uma redução da religiosidade. Curiosamente, esses pacientes, em geral, também têm uma espiritualidade aumentada após sua EQM.
Outra coisa que Greyson encontrou em sua pesquisa é que, ao contrário do que se esperava, esses pacientes são mais inclinados ao uso do pensamento lógico após sua EQM do que antes da experiência.
Além de alterações psicológicas, os efeitos eletromagnéticos são amplamente divulgados. Quando algumas dessas pessoas usam relógios de pulso, as pilhas ficam fracas muito rapidamente, ou os relógios correm mais rápido ou mais lento do que o normal. Algumas dessas pessoas fazem lâmpadas pifarem, ou TVs e rádios mudarem de estação quando passam por perto. Greyson mencionou que uma pessoa não era detectada por portas automáticas.
Jane Katra, Ph.D. em saúde pública, e que também falou na conferência, disse que tornou-se sensível às vibrações e campos eletromagnéticos após sua EQM, e que era difícil para ela se ajustar a viver na casa dos pais, porque ela tornou-se capaz de ouvir várias coisas a partir de quartos diferentes.
Estes efeitos das EQMs tornam difícil sua negação como experiências reais, pois meras alucinações ou estar perto da morte não trariam esses efeitos.
Greyson e Mitchell Liester, M.D., estão começando um estudo sobre os efeitos eletromagnéticos das EQMs. Após uma coleta de dados a partir de um questionário, eles conduzirão estudos para medir os campos eletromagnéticos das pessoas que tiveram EQM e os efeitos sobre relógios.
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