Estudos por satélite revelaram que, ao longo de milhões de anos, a Bacia de Konya, no Planalto da Anatólia Central, na Turquia, tem sido continuamente remodelada.
Essa transformação foi recentemente explicada por cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, que descobriram que a crosta terrestre está “gotejando” em direção ao interior do planeta. Esse fenômeno intrigante foi detalhado em um estudo publicado na prestigiada revista Nature Communications.
O fenômeno, denominado “gotejamento litosférico”, ocorre quando a viscosidade do terreno permite que material rochoso denso desça para o manto, resultando na formação de bacias e montanhas.
Simulações experimentais e dados geológicos, geofísicos e geodésicos revelam novas perspectivas sobre a dinâmica das placas tectônicas.
Para comprovar o fenômeno, uma equipe de pesquisa, que incluiu cientistas da Universidade Técnica de Istambul e da Universidade Çanakkale Onsekiz Mart, reproduziu o gotejamento litosférico em laboratório utilizando modelos de fluido de silicone e argila para simular o manto e a crosta terrestre.
O primeiro gotejamento, conhecido como primário, ocorreu em aproximadamente 10 horas. Em seguida, após um intervalo de 50 horas, um segundo gotejamento começou a se formar.
Isso sugere, portanto, que esses processos tectônicos estão interligados e podem desencadear uma sequência de eventos, revelando uma dinâmica ativa na movimentação do material no interior da Terra.
Julia Andersen, doutoranda em Ciências da Terra e uma das autoras do estudo, destacou que os dados de satélite mostraram uma forma circular na Bacia de Konya, indicando um afundamento da crosta. “Isso nos levou a olhar para outros dados geofísicos abaixo da superfície, onde vimos uma anomalia sísmica no manto superior e uma crosta espessada, dizendo-nos que há material de alta densidade lá e indicando um provável gotejamento litosférico do manto”, disse Andersen em um comunicado à imprensa.
Por fim, as descobertas ressaltam que o gotejamento litosférico pode influenciar tanto a elevação de planaltos quanto a formação de bacias em diversas partes do mundo.
“As descobertas mostram que esses grandes eventos tectônicos estão ligados, com um gotejamento litosférico potencialmente desencadeando uma série de atividades adicionais nas profundezas do interior planetário”, concluiu Andersen.