Pesquisadores anunciaram a reclassificação da aranha-teia-de-funil de Sydney (Atrax robustus), tradicionalmente conhecida como uma das aranhas mais venenosas do mundo. A mudança ocorreu devido à descoberta de uma nova espécie de aranha apelidada de “Big boy”, que é mais letal que suas parentes próximas.
Segundo o estudo, publicado na revista BMC Ecology and Evolution, a espécie Atrax robustus, originalmente descrita no século XIX, é composta pelas espécies: Atrax robustus, Atrax montanus e Atrax christenseni (a Big boy).
“Quando nossa equipe internacional de pesquisadores ‘reabriu o caso’ da aranha-armadeira de Sydney, analisamos detalhes morfológicos finos e sequências genéticas na região e descobrimos que a espécie se divide em três grupos distintos”, afirmou a Dra. Helen Smith, aracnóloga (bióloga de aranhas) do Museu Australiano e uma das autoras da pesquisa
Foram utilizadas técnicas que ajudaram a entender as relações entre diferentes espécies. Os cientistas estudaram amostras coletadas em várias regiões da Austrália ao longo de muitos anos e observaram diferenças importantes.
Espécies identificadas e suas distribuições
A espécie A. robustus foi redefinida e permanece amplamente distribuída na região metropolitana de Sydney.
Já A. montanus, que foi revalidada, ocorre principalmente nas áreas mais ao sul e oeste, como as Montanhas Azuis.
Por fim, a A. christenseni, descrita como uma espécie nova, está restrita à região de Newcastle, ao norte de Sydney.
Essa divisão geográfica e genética também se reflete em diferenças no veneno dessas aranhas. Embora todas sejam consideradas perigosas, o estudo ressaltou que somente os machos produzem toxinas que causam graves sintomas em humanos, uma característica comum entre as aranhas da família Atracidae.
Implicações para antídotos e estudos bioquímicos
Desde a introdução de antídotos na década de 1980, não foram registradas mortes causadas por picadas dessas aranhas. No entanto, os cientistas sugerem que a reclassificação pode impactar diretamente a produção de antivenenos.
Como os venenos variam entre as espécies, a diferenciação biológica poderia otimizar a eficácia dos tratamentos.
O Australian Reptile Park, responsável por coletar veneno para produção de antídotos, foi um dos principais parceiros da pesquisa. Amostras históricas e recentemente coletadas no parque e no Australian Museum foram fundamentais para o estudo.