Até o presente momento, a complexidade da molécula matriz de toda a biologia animal e vegetal não pode ser imitada por nenhuma tecnologia humana disponível. Que enigmas ainda escondem o seu código interno?
“Estamos constituídos principalmente por água, que nada custa; o carbono que se avalia em forma de carvão; o cálcio de nossos ossos em forma de gesso; o nitrogênio de nossas proteínas em forma de ar; o ferro de nosso sangue em forma de pregos enferrujados. Se apenas tivéssemos conhecimento disto, poderíamos ser tentados a reunir todos os átomos que nos constituem, misturá-los em um grande recipiente e agitar. Podemos despender todo o nosso tempo nessa tarefa, porém, ao final, o único que conseguiremos será apenas uma mescla enfadonha de átomos. Que outra coisa poderíamos esperar?”
“O processo necessário para se comer uma maçã é imensamente complicado. De fato, se tivesse que sintetizar todas as minhas enzimas, se tivesse que recordar e dirigir conscientemente todos os passos necessários para retirar energia da comida, provavelmente morreria de fome”, Cosmos de Carl Sagan.
Todas e cada uma das instruções metabólicas necessárias para levar adiante uma vida celular ativa foram impressas, em algum momento da história, em uma única, maravilhosa e estranhamente complexa molécula. Se isso foi o resultado de um longo processo de provas e erros ou carrega um cuidadoso projeto divino, os geneticistas atuais não deixam de assombrar-se e indagar os enigmas que esconde o universo da molécula protagonista de nossa biologia: o ácido desoxirribonucleico ou, simplesmente, DNA.
As moléculas de DNA contém uma espantosa quantidade de informação. Se nos dedicarmos a escrever toda a informação necessária para a vida que esta molécula carrega (e isso inclui ações simples, tais como digerir uma maçã) poderíamos abastecer, tranquilamente, uma míni biblioteca com uma enciclopédia de mil volumes. Se pudéssemos, mediante algum método especial, desenrolar cada filamento de DNA que há em nosso corpo e fizéssemos disso um encadeamento contínuo, a última molécula desse fio acabaria localizada em um gélido espaço, a uma distância 500 mil vezes superior àquela que existe entre a Terra e a Lua! E tudo isso, conseguido simplesmente mediante quatro núcleos químicos chamados “nucleotídeos”, dispostos de forma alternada na molécula; apenas quatro “letras” para o alfabeto com que se maneja todo o nosso corpo.
Um verdadeiro alfabeto humano
O código do DNA, que se começou a decifrar amplamente no célebre projeto internacional “GENOMA”, tem sido, desde então, uma fonte de assombros para cientistas de todo o mundo. Muitos investigadores estudam atualmente na linguagem genômica o que creem seja a possível prova tangencial da existência de Deus. Em contrapartida, outros utilizam o mesmo DNA como argumento indiscutível de que todos os seres viventes procedem de um ancestral comum.
Nos últimos anos, muitos biólogos moleculares tem tentado estabelecer esse sutil debate criando grupos de colaboração junto a criptógrafos, estatísticos e linguistas, dentre outros profissionais, com o fim de decifrar a mensagem guardada na grande molécula. Como resultado, não apenas se tem enriquecido o conhecimento acerca do código, senão que em 2006 foi descoberto um segundo código, superposto ao primeiro. Inclusive os biólogos moleculares têm descoberto que o código do DNA e a linguagem humana não são apenas parecidos; são idênticos. Programas de informática lograram, mediante um processo de quebrar a sequência genômica em milhões de partes, distinguir as ditas míni sequências como “palavras” de uma grande enciclopédia.
Após submeter essas “palavras” à Lei de Zipf, conhecida na linguística por reger a totalidade dos idiomas humanos (desde o chinês, até o português), os cientistas descobriram, boquiabertos, que o código genético obedecia, da mesma forma, à dita lei. A chamada Lei de Zipf diz que em um texto qualquer, seja um livro ou um artigo, a palavra mais repetida aparecerá muito mais vezes que a segunda mais repetida que, por sua vez, se repetirá muito mais que a terceira mais repetida, e assim sucessivamente.
O código genético parece reger-se pela mesma lei, o que para muitos é o maior indício de uma inteligência superior. Ademais, cabe perguntar se além dos códigos conhecidos, uma vez que o mais recentemente descoberto é de natureza secundária, existem outras linguagens ocultas dentro do mapa genético.
DNA “lixo”: evidência evolutiva ou mensagem vital?
Lidar com alguns mistérios do DNA pode ser uma verdadeira dor de cabeça para os geneticistas mais materialistas, e o DNA “lixo” não é uma exceção. Os cientistas identificaram que o número de genes ativos em nossa espécie, e em muitas outras igualmente complexas, é simplesmente irrisório. Cerca de 96% de todo o nosso genoma é, à primeira vista, inútil, não realizando nenhuma atividade de importância para a célula. A explicação racional dada por alguns cientistas a esse fato curioso foi de que essa porção genômica é a que nos torna aparentados com as outras espécies do planeta, incluindo fungos, bactérias e os extintos dinossauros e que, portanto, não desempenha um papel vital nas funções celulares; mas sim, demonstra que a evolução teve lugar ao longo de milhões de anos. Dita similaridade genética (comprovada em todas as espécies, sem qualquer dúvida) poderia se converter em uma ilusão letal ao se interpretar a verdadeira origem do DNA.
De fato, os cientistas já descobriram que a linguagem guardada nessa parte latente poderia desempenhar um catálogo importante na vida do organismo. Integrantes oficiais do projeto GENOMA humano declararam, em janeiro de 2007, que o DNA lixo poderia, na realidade, não ter se originado na Terra mediante processos químicos explicáveis. De fato, o mesmo Francis Crick, codescobridor da estrutura duplamente helicoidal da molécula de DNA, em 1953, percebeu que na natureza não havia “indícios” evolutivos mais simples da cadeia de DNA, senão que a molécula simplesmente parecia haver-se materializado da noite para o dia.
A molécula da vida: uma tecnologia extrema
Os resultados conseguidos pela tecnologia humana são deslumbrantes. Desde os tempos em que o homem fabricava suas próprias pontas de flechas até a atualidade, a humanidade desenvolveu a capacidade de erguer edifícios sobre o mar, desenhar aviões supersônicos, vigiar o espaço a partir de satélites e construir supercomputadores. Não obstante isso, até o presente momento, a ciência não pôde criar nada tão complexo que se compare, nem remotamente, a uma célula. A unidade básica de todo o organismo se apresenta como infinitamente mais intrincada que qualquer supercomputador criado até o momento pelos seres humanos.
Desde o experimento realizado por Stanley S. Miller em 1953 (quando conseguiu formar uma sopa de moléculas orgânicas, mediante descargas elétricas) até o presente, a ciência não logrou aproximar-se muito mais do que imitar a atividade genética. Sem embargo, a ideia de que uma molécula como a do ácido desoxirribonucleico pudesse evoluir a partir dessas simples moléculas, em um passado remoto, segue fortemente arraigada no círculo composto por cientistas evolucionistas.
Mesmo quando estatisticamente se tem demonstrado que a possibilidade de que as combinações moleculares que puderam dar lugar à bactéria mais simples, em condições pré-históricas, são de uma em 1 elevado a 100 bilhões. Essa cifra ultrapassa, em muito, a de 1 elevado à potência de 50, que os estatísticos consideram como praticamente impossível de que um fenômeno aconteça. Desta forma, a tecnologia arquitetônica molecular alcançada no DNA, que contém toda a informação necessária para que um ser vivente possa crescer, reproduzir-se, alimentar-se, metabolizar e interagir com outros seres, parece ser obra de uma inteligência superior, ou ao menos uma das maravilhas mais comovedoras do universo.
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