Descoberta na África Austral revela mina de ocre mais antiga do mundo, com 48 mil anos

Estudo revela evidências de mineração sofisticada e destaca a importância cultural do pigmento usado ainda hoje.

Por Redação Epoch Times Brasil
26/11/2024 15:43 Atualizado: 26/11/2024 15:43

Um estudo publicado na Nature Communication conduzido por uma equipe internacional de pesquisadores revelou a mina de ocre mais antiga do mundo, localizada na Caverna Lion, em Eswatini, África Austral.

Utilizando técnicas de datação por luminescência e análises geoquímicas, os cientistas determinaram que a mina tem aproximadamente 48.000 anos. Isso faz da Caverna Lion a evidência mais antiga conhecida de mineração intensiva de ocre.

A descoberta reforça a ideia de que comunidades humanas antigas já tinham conhecimento sofisticado sobre a localização e extração de minerais. Além disso, demonstra que o uso de ocre estava profundamente enraizado em sua cultura e cotidiano.

A Caverna Lion, situada no maciço de Ngwenya, apresenta evidências de mineração em larga escala. Isso sugere que o ocre era um recurso altamente valorizado.

As práticas de mineração envolviam a utilização de ferramentas de pedra para escavar o pigmento. Essa atividade exigia esforço coordenado e cooperação em grupo.

Segundo os pesquisadores, a qualidade e a quantidade de ocre disponível na Caverna Lion faziam dela um local estratégico e importante para as comunidades da Idade da Pedra que habitavam a região.

Significado da mina e a importância do ocre na antiguidade

O ocre, um pigmento natural composto por óxidos de ferro, era amplamente utilizado por comunidades ancestrais. Ele servia não só para a decoração e criação de arte rupestre, mas também como elemento em rituais simbólicos.

A análise dos depósitos da Caverna Lion mostrou que o pigmento extraído era transportado por grandes distâncias. Isso indica a existência de uma rede organizada de troca de recursos e possivelmente de conhecimento.

Além de ser uma atividade econômica, a mineração de ocre tinha uma importância social significativa. Ela conectava diferentes grupos e culturas.

A prática de mineração na Caverna Lion mostra que os antigos habitantes de Eswatini desenvolviam técnicas especializadas de extração e processamento do ocre.

Isso evidencia uma compreensão profunda da geologia local e das características desejáveis do pigmento. O ocre, após ser extraído, era frequentemente misturado com outros elementos, como gordura animal e resinas.

Essa mistura formava uma pasta de fácil aplicação, utilizada em pinturas corporais, arte rupestre e outros propósitos cerimoniais.

A descoberta científica e sua relevância atual

A descoberta dessa mina de ocre é um marco importante na arqueologia. Ela não só reescreve a cronologia da mineração de ocre, como também oferece uma janela única para compreender a organização social e as práticas culturais de nossos ancestrais.

A mina é um dos primeiros exemplos de exploração mineral estruturada e planejada da humanidade.

A mineração de ocre na Caverna Lion também ilustra como as primeiras comunidades humanas colaboravam e trocavam conhecimentos essenciais para sua sobrevivência e expressão cultural.

Uso do ocre ao longo do tempo

Embora o foco principal da descoberta seja a antiguidade da mina, o estudo também lança luz sobre a continuidade do uso do ocre ao longo dos milênios.

No passado, ele era utilizado em pinturas rupestres, em decorações corporais e até como componente em adesivos para ferramentas de pedra.

Hoje, o ocre continua sendo utilizado em algumas culturas tradicionais, especialmente em rituais de passagem e práticas cerimoniais em regiões da África Austral.

Ainda é possível encontrar o ocre sendo comercializado em mercados locais de Eswatini. Ele é preparado manualmente e vendido em pequenas bolas, mantendo viva a tradição de milhares de anos.

Atualmente, o ocre continua desempenhando um papel importante em algumas indústrias modernas. Ele é utilizado como pigmento em tintas, tintas a óleo e aquarelas, sendo valorizado por artistas que buscam cores naturais e duráveis. Ele também está em materiais de construção, como tijolos e cerâmicas, devido à sua resistência e capacidade de dar coloração natural aos materiais.

Além do uso industrial e artístico, o ocre também tem um papel relevante na cosmética. Algumas comunidades utilizam o ocre em produtos de beleza e cuidados com a pele, valorizando suas propriedades antimicrobianas e protetoras.