Pesquisadores internacionais anunciaram, na semana passada, a descoberta de três enormes galáxias misteriosas que desafiam as teorias sobre o início do Universo. Elas foram reveladas a partir de imagens capturadas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês). Cada uma delas é quase do tamanho da Via Láctea.
A equipe, liderada por cientistas da Universidade de Genebra, na Suíça, e da Universidade de Bath, na Inglaterra, batizou as surpreendentes galáxias de “Três Monstros Vermelhas”.
Até essa descoberta, a comunidade científica acreditava, de forma geral, que todas as galáxias se formavam lentamente dentro de grandes halos de matéria escura, que atraíam gás (átomos e moléculas) para formar estruturas ligadas gravitacionalmente.
Entretanto, agora, de acordo com as observações dos cientistas, foi constatado que as três galáxias “Monstro Vermelhas” se formaram a “velocidades inesperadas”.
“Nossos achados estão reformulando nossa compreensão sobre a formação das galáxias no início do Universo”, disse a Dra. Mengyuan Xiao, principal autora do estudo. “Os Monstros Vermelhas são apenas o começo de uma nova era em nossa exploração do início do Universo.”
Os primeiros estudos dessas galáxias, criadas dentro do primeiro bilhão de anos da história cósmica, também sugerem que a formação de estrelas naquela época foi muito mais rápida do que se pensava anteriormente.
“Isso é o que há de tão incrível na astronomia”, acrescentou o professor Stijn Wuyts, da Universidade de Bath. “Estamos constantemente sendo surpreendidos por novas descobertas. Encontrar três bestas tão grandes entre a amostra representa um quebra-cabeça provocativo.”
“Muitos processos na evolução das galáxias tendem a introduzir uma etapa limitadora da eficiência com que o gás pode se converter em estrelas”, explicou Wuyts, “mas, de alguma forma, os Monstros Vermelhas parecem ter escapado rapidamente da maioria desses obstáculos.”
A coloração vermelha com a qual as três galáxias aparecem pelas lentes do Webb é devido ao seu alto conteúdo de poeira.
O estudo foi publicado na quarta-feira (13), na revista Nature: https://www.nature.com/articles/s41586-024-08094-5
Saiba mais sobre o Webb
Lançado no Natal de 2021, o Telescópio James Webb, batizado em homenagem a um dos principais cientistas responsáveis pelas missões Apollo à Lua, tem como um dos objetivos revelar as primeiras estrelas a iluminar o Universo.
Suas primeiras imagens foram divulgadas em julho de 2022, surpreendendo os cientistas desde então.
O Webb foi desenvolvido ao longo de 30 anos, sendo o sucessor aprimorado do famoso telescópio espacial Hubble.
Ele é composto por 18 segmentos de espelhos, especialmente projetados para capturar luz infravermelha das primeiras galáxias formadas no início do universo.
Outra importante missão do Webb é o treinamento para que ele possa detectar atmosferas em planetas distantes e avaliar a possibilidade de esses mundos abrigarem vida.