Em uma descoberta que parece saída de um filme de ficção científica, cientistas desenterraram na remota região de Jack Hills, na Austrália Ocidental, o pedaço mais antigo do nosso planeta: um cristal de zircão com impressionantes 4,4 bilhões de anos.
Esse fragmento minúsculo, quase invisível a olho nu, é uma cápsula do tempo que revela segredos surpreendentes sobre os primórdios da Terra.
Segundo um estudo publicado na Nature Geoscience, o cristal prova que a crosta terrestre começou a se formar apenas 160 milhões de anos depois do surgimento do planeta.
E mais: ele indica que a Terra já possuía água líquida há mais de 4,3 bilhões de anos – um dado que desafia tudo o que sabíamos sobre a história inicial do nosso lar.
“O estudo reforça nossa conclusão de que a Terra teve uma hidrosfera antes de 4,3 bilhões de anos”, explica John Valley, líder da pesquisa.
A descoberta é uma janela para o passado, mas também uma ponte para o futuro, já que esses dados podem ajudar a desvendar como planetas fora do sistema solar podem se tornar habitáveis.
Para decifrar esse tesouro geológico, os pesquisadores utilizaram tecnologia de ponta, incluindo tomografia de sonda atômica, que permitiu examinar o cristal em escala atômica e determinar sua idade com precisão impressionante.
Por sua incrível durabilidade, o zircão consegue resistir a bilhões de anos de erosão, mantendo-se quimicamente preservado e carregando um vasto registro de informações geológicas. Esse cristal foi encontrado encapsulado em rochas mais jovens e até mesmo em grãos de areia.
Este pequeno pedaço de zircão é muito mais que um recorde científico – é um testemunho do poder transformador do tempo. Esse novo conhecimento sobre quando a Terra esfriou “também pode nos ajudar a entender como outros planetas habitáveis se formariam”, disse Valley.
Um fragmento tão antigo quanto o próprio planeta, trazendo respostas que só a paciência de bilhões de anos poderia oferecer.