Cofundador do Facebook quer que governo dos EUA encerre monopólio da empresa

Atualmente, Hughes é codiretor do Economic Security Project, uma iniciativa para combater a pobreza nos Estados Unidos, e assessor no Instituto Roosevelt

09/05/2019 14:45 Atualizado: 09/05/2019 14:45

Por Agência EFE

Chris Hughes, um dos cofundadores do Facebook, quer que o governo dos Estados Unidos quebre o “monopólio” da rede social comandada por Mark Zuckerberg, de modo a acabar com a enorme influência da empresa, e proteja os direitos dos cidadãos.

Em longo artigo de opinião, Hughes alerta para o imenso poder de Zuckerberg e a falta de controle sobre ele e as ações do empresário à frente da rede social.

“A influência de Mark é assombrosa, muito além da de qualquer outra pessoa no setor privado ou no governo. Ele controla três plataformas de comunicação — Facebook, Instagram e WhatsApp — que bilhões de pessoas usam diariamente”, ressaltou Hughes em texto publicado nesta quinta-feira (9) pelo jornal “The New York Times”.

Segundo Hughes, Zuckerberg tem poder total dentro da empresa e um domínio praticamente absoluto sobre o setor das redes sociais, o que lhe permite estabelecer as regras sobre privacidade, decidir que conteúdos são aceitáveis e acabar com qualquer competidor adquirindo-o, bloqueando-o ou copiando seu modelo.

“O governo dos Estados Unidos tem que fazer duas coisas: quebrar o monopólio do Facebook e criar regras para que a empresa seja mais responsável em relação aos americanos”, ressaltou o empresário.

Hughes propõe aplicar as leis antimonopólio para dividir o Facebook em várias empresas independentes, começando por separar Instagram e WhatsApp, cujas aquisições nunca deveriam ter sido permitidas, segundo defende.

“Se não agirmos, o monopólio do Facebook aumentará ainda mais. Com grande parte das comunicações pessoais do mundo na sua mão, ele pode extrair informações para padrões e tendências, ganhando vantagem sobre competidores durante décadas”, enfatizou Hughes.

Entre outras questões, Hughes mostra preocupação com o “controle unilateral” que atualmente Zuckerberg tem sobre o discurso público e os conteúdos.

“Não há precedentes sobre essa capacidade de controlar, organizar e inclusive censurar as conversas de dois bilhões de pessoas”, lembrou.

Hughes defende Zuckerberg como pessoa, mas diz acreditar que a sua obsessão por dominar o mercado com o Facebook o levou a cometer erros e lhe deu um poder quase ilimitado e perigoso.

“Mark é uma pessoa boa e amável. Mas me preocupa que a sua insistência no crescimento o levasse a sacrificar segurança e respeito em troca de cliques”, comentou.

Chris Hughes — que fundou o Facebook junto com o brasileiro Eduardo Saverin, Andrew McCollum e Dustin Moskovitz — admite a própria responsabilidade por “não fazer soar antes o alarme” e só percebeu os perigos do monopólio da rede social após as eleições americanas de 2016 e do escândalo da Cambridge Analytica.

Nos últimos anos, o Facebook esteve na mira de muitos congressistas devido a problemas de privacidade e ao suposto papel na manipulação das eleições e na divulgação de fakenews.

Após deixar a empresa em 2007, Hughes foi voluntário na campanha que levou Barack Obama à Casa Branca e passou por vários empreendimentos, incluindo a compra da revista “The New Republic”, da qual se desvinculou em 2016.

Atualmente, Hughes é codiretor do Economic Security Project, uma iniciativa para combater a pobreza nos Estados Unidos, e assessor no Instituto Roosevelt.