Em uma nova descoberta, pesquisadores da Queen Mary University de Londres e da Universidade de Hong Kong conseguiram usar genes que são mais antigos do que os próprios animais multicelulares para reprogramar células de camundongos.
O estudo, publicado na revista Nature Communications, mostra que os cientistas usaram genes de choanoflagelados — organismos unicelulares que são considerados ancestrais dos animais — para modificar células de camundongos. Segundo os pesquisadores, esses organismos viveram antes dos primeiros animais multicelulares surgirem.
Importante destacar que nenhum rato completo foi criado a partir desses genes. O que os cientistas fizeram foi modificar células-tronco de camundongos no laboratório para testar se esses genes antigos poderiam fazer essas células se comportarem como células-tronco pluripotentes.
Os cientistas utilizaram genes conhecidos como Sox e POU. Esses genes são importantes porque ajudam uma célula a se transformar em qualquer outro tipo de célula do corpo, um processo chamado de pluripotência.
Os genes foram colocados em células-tronco de camundongos. Essas células-tronco geneticamente modificadas se mostraram capazes de se transformar em qualquer outro tipo de célula, como se fossem células-tronco embrionárias.
O gene Sox encontrado nos choanoflagelados mostrou que pode reprogramar células comuns de camundongos e fazê-las voltar a ser células-tronco, que podem se transformar em qualquer outro tipo de célula. Já o gene POU desses organismos não teve a mesma capacidade de reprogramar as células.
Essa descoberta sugere que os genes necessários para o desenvolvimento de células-tronco nos animais modernos podem ter se originado muito antes da vida multicelular aparecer.
Os choanoflagelados, que são parentes próximos dos primeiros animais, têm algumas semelhanças genéticas com os animais modernos. Isso indica que características biológicas essenciais, como a capacidade de uma célula se transformar em outros tipos de célula, podem não ser exclusivas dos animais.
Esses resultados desafiam a ideia de que os genes que controlam a capacidade das células de se transformarem em outros tipos de célula sejam uma inovação exclusiva dos animais.
O estudo também pode trazer novas ideias para a medicina regenerativa. Entender como esses genes evoluíram pode ajudar a desenvolver novos tratamentos que usam células-tronco, melhorando a compreensão de como essas células funcionam.
Os cientistas dizem que ainda há muito a ser descoberto. Mais pesquisas são necessárias para entender como esses genes evoluíram e qual foi seu papel no surgimento da vida multicelular.