Por Agência EFE
Os cientistas responsáveis pelo Telescópio do Horizonte de Eventos (EHT) apresentaram nesta quarta-feira (10) a primeira imagem já registrada de um buraco negro, um dos grandes mistérios do universo.
A fotografia histórica, capturada a partir de uma rede de oito observatórios situados em diferentes pontos do mundo, consiste em um anel com uma metade mais luminosa que a outra, que corresponde ao buraco negro supermassivo localizado no centro da galáxia M87, a 53,3 milhões de anos luz da Terra.
“Transformamos um conceito matemático, algo que é explicado com fórmulas em um quadro-negro, em um objeto físico que pode ser observado”, explicou o italiano Luciano Rezolla, professor de Astrofísica da Universidade Goethe de Frankfurt que faz parte da equipe científica responsável pela descoberta.
A imagem “foi construída como um quebra-cabeças” a partir de diferentes fotografias tiradas em quatro dias pela rede de telescópios que funcionam como um único radiotelescópio, comentou a pesquisadora polonesa Monika Moscibrodzka,
“Nada do interior pode viver e ser transmitido ao exterior. Não se pode ver um buraco negro, mas é possível ver sua sombra, que se produz quando a luz desaparece após o horizonte de eventos (do buraco)”, explicou o presidente do conselho do EHT, Heino Flacke.
Os buracos negros, imaginados no início do século XX pelo físico Albert Einstein e teorizados pelo cientista Stephen Hawking nos anos 70 a partir da radiação que emitem, são uma concentração massiva de matéria comprimida em uma pequena área que gera um campo gravitacional que engole tudo o que o cerca, inclusive a luz.
Esse misterioso fenômeno astrofísico representa a última fase na evolução de um tipo de estrelas que são pelo menos dez vezes maiores que o Sol. Quando uma dessas estrelas se aproxima da morte, ela dobra sobre si mesma e concentra sua massa em uma superfície muito pequena, conhecida como “anã branca”.
Quando este processo de gravidade extrema continua, se transforma em um buraco negro, delimitado pelo qual é conhecido como “horizonte de eventos”, que é o ponto de não retorno a partir do qual nada que ultrapasse essa fronteira pode escapar de atração do buraco, e em cujo entorno giram aglomerações de gás em uma órbita circular.
“Astronomia é algo que não se faz apenas de seu escritório. Às vezes é preciso embarcar em uma expedição. E há dois anos, alguns cientistas embarcaram em uma expedição ao local mais remoto”, resumiu na apresentação o espanhol Eduardo Ros, coordenador do Departamento de Rádio Astronomia/Interferometria de Longa Linha de Base do Instituto Max Planck de Bonn (Alemanha).