Uma tecnologia desenvolvida por uma equipe de cientistas da Universidade de Nevada, Las Vegas (UNLV) captura de água da umidade do ar promete mudar a realidade de regiões áridas que enfrentam escassez hídrica severa. O dispositivo utiliza energia solar para capturar até 3,7 litros de água potável por metro quadrado de área coletora por dia.
Em ambientes de maior umidade, essa capacidade pode triplicar, mostrando um potencial impressionante para atender comunidades em condições de vulnerabilidade.
Segundo o estudo publicado, a base da tecnologia é uma membrana de hidrogel que transporta vapor de água do ar para uma solução dessicante de brometo de lítio. Esse mecanismo permite que a água seja coletada e armazenada de maneira eficiente, mesmo em condições de umidade relativa extremamente baixa.
Capturar água em condições de baixa umidade é um grande desafio para métodos convencionais de captura atmosférica.
Diferentemente de abordagens tradicionais, que dependem de sorventes sólidos e ciclos lentos de captura e liberação, a nova técnica se destaca pela rapidez e pela eficiência em condições desafiadoras.
O princípio de funcionamento do dispositivo é inspirado na natureza.
Estruturas como a pele de rãs e as cutículas de plantas que absorvem umidade do ar, conhecidas como “air plants“, serviram de inspiração para os cientistas.
Essas plantas e animais utilizam camadas superficiais que são permeáveis ao vapor d’água, garantindo a hidratação mesmo em ambientes inóspitos.
A membrana de hidrogel funciona de forma semelhante, otimizando a captura e o transporte da água até uma solução líquida que facilita o armazenamento e posterior utilização.
Os testes realizados em Las Vegas, uma das cidades mais secas dos Estados Unidos, demonstraram que o dispositivo é capaz de operar com eficiência mesmo quando a umidade do ar está abaixo de 10%.
Isso é um marco significativo, uma vez que outras tecnologias de captura atmosférica têm resultados limitados em condições de umidade tão baixa.
Um diferencial importante do dispositivo é a possibilidade de aumentar a eficiência da captura de água com a adição de uma ventoinha de baixo consumo energético.
A ventoinha ajuda a reduzir a espessura da camada limite de ar, aumentando a taxa de transferência de vapor d’água. Durante os testes, a adição desse componente permitiu que a taxa de captura chegasse a 5,50 kg/m²/dia.
Esse valor coloca essa tecnologia entre as mais eficientes no setor de coleta de água atmosférica.
A viabilidade da tecnologia está ainda no fato de ser alimentada por energia solar. Em locais onde a infraestrutura é limitada, a autonomia oferecida pela energia solar torna o dispositivo uma solução atraente e viável.
Isso pode transformar a realidade de comunidades isoladas e rurais, onde o acesso à água pode ser restrito e caro.
Além disso, a simplicidade operacional e a possibilidade de manutenção mínima são características que contribuem para a escalabilidade do projeto.
Isso permite sua implementação em diferentes contextos, especialmente em áreas de difícil acesso.