A África, como a conhecemos hoje, pode não ser a mesma daqui a milhões de anos.
Estudos geológicos apontam que o continente africano está passando por um processo de separação gradual, que poderá, no futuro, resultar na formação de um novo oceano e na divisão do continente em diversas ilhas.
Esse fenômeno está sendo observado no chamado Vale da Fenda, uma grande rachadura na crosta terrestre localizada na região norte da Etiópia, onde a crosta se expande cerca de meio centímetro a cada ano.
O conceito de placas tectônicas, que começou a ser estudado nos anos 60, já sugeria que a África poderia passar por uma divisão semelhante à que ocorreu com a antiga Pangeia, há 200 milhões de anos.
No entanto, novas pesquisas mostram que a situação pode ser mais ampla do que se pensava inicialmente. Além da fenda na Etiópia, cientistas identificaram outras falhas geológicas que se estendem para o sul, passando por países como Botsuana e até o Oceano Atlântico.
Essas fissuras podem, eventualmente, dividir o continente africano em ilhas, com a água do oceano preenchendo os espaços criados pelas falhas na crosta.
Esse processo não é resultado de uma colisão de placas tectônicas, como ocorre em outras partes do mundo, mas de um enfraquecimento local da crosta terrestre, provocado pelo movimento do manto inferior.
O movimento empurra a crosta para cima, criando fissuras que se expandem com o tempo. A dinâmica é comparável à de uma camada de bolo rachando ao ser tirada do forno, com a crosta terrestre rompendo-se à medida que a pressão interna aumenta.
Os cientistas que estudam essa separação destacam que esse fenômeno se dará ao longo de milhões de anos, com a primeira parte do continente a se separar sendo a região leste, afetando áreas da Somália, Quênia e Moçambique.
A ilha de Madagascar também pode passar por uma divisão, criando duas partes distintas no futuro. Embora esse processo geológico seja de longo prazo, ele já está sendo monitorado em uma área de mais de 3 mil quilômetros de extensão na África.
Contudo, Edwin Dindi, doutor em geologia e professor da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Nairóbi, explicou ao New York Times em 2023: “Esse processo não acontecerá de forma imediata; trata-se de algo que ocorrerá em milhões de anos.”