Cientistas decifram incrível arte rupestre de 11 mil anos, localizada na Amazônia

Por Redação Epoch Times Brasil
22/11/2024 17:28 Atualizado: 22/11/2024 17:28

Uma fascinante coleção de arte rupestre, preservada de forma impressionante na Amazônia colombiana, manteve os pesquisadores intrigados por anos. 

Agora, com o auxílio de anciãos indígenas, seu significado profundo foi finalmente desvendado.

Localizada ao longo de 19 quilômetros de um paredão de arenito, a arte, que data de aproximadamente 11.000 anos, revela as crenças espirituais de povos antigos. 

Denominada Serranía de la Lindosa, a região abriga dezenas de milhares de ilustrações de humanos, animais e seres mitológicos, todas feitas com ocre vermelho.

As figuras retratam a complexa relação entre humanos, animais e o mundo espiritual. A pesquisa realizada pela Universidade de Exeter, na Inglaterra, foi recentemente publicada na revista Arts.

De acordo com o professor Jamie Hampson, líder do estudo, “descendentes indígenas dos artistas originais nos explicaram recentemente que os motivos da arte rupestre aqui não ‘refletem’ apenas o que os artistas viram no mundo ‘real’.”

Para as culturas indígenas da região, essas representações não são meramente simbólicas. Elas ilustram experiências espirituais em que os xamãs atravessam dimensões e assumem formas animais para acessar conhecimentos ocultos e explorar o universo de maneira profunda.

Hampson detalhou que as obras não se limitam a retratar a realidade observada pelos artistas, mas também codificam e expressam informações essenciais sobre como as comunidades indígenas animistas e perspectivistas estruturaram, viveram e preservaram seus mundos socioculturais e ritualísticos.

Segundo Ulderico, especialista em rituais Matapí, para compreender o real significado das imagens, os pesquisadores precisaram adotar uma perspectiva xamânica. “Você tem que olhar [os motivos] do ponto de vista xamânico”, afirmou ele.

Os pesquisadores explicam que a cosmologia indígena amazônica é baseada em um conceito denominado “Novo Animismo”, no qual “o corpo físico de cada ser vivo é visto como uma ‘capa externa’ ou ‘roupa’ que esconde a verdadeira forma humana.”

No contexto de seus rituais, os xamãs se desfazem dessas camadas superficiais para acessar um reino espiritual onde as barreiras entre as espécies se tornam invisíveis. 

Nesse espaço sobrenatural, os xamãs frequentemente assumem a forma de uma onça, uma representação que lhes permite acessar o poder espiritual e o conhecimento oculto sob a forma física do animal.

A colaboração com as comunidades indígenas, como os Tukano, Desana, Matapí, Nukak e Jiw, foi fundamental para compreender a profundidade e o significado das imagens. 

“Elas codificam e manifestam informações críticas sobre como comunidades indígenas animistas e perspectivistas construíram, se envolveram e perpetuaram seus mundos ritualizados e socioculturais”, destacou Hampson.

A descoberta revela não apenas a importância cultural dessas representações, mas também a complexidade espiritual que permeia as tradições indígenas da Amazônia.