Cientistas capturam tubarão primitivo e raro de 300 dentes

14/11/2017 19:24 Atualizado: 13/03/2018 08:33

Cientistas que estudam a vida marinha ao largo da costa de Portugal capturaram um tubarão pré-histórico com 300 dentes.

O chamado tubarão-cobra ou tubarão-enguia de até cerca de 1,8 metro de comprimento tem existido em sua forma atual por 80 milhões de anos, tornando-se uma das espécies mais antigas que estão vivas hoje em dia.

A forma de seu corpo e o número de brânquias são semelhantes aos dos fósseis de tubarões que viveram 350 milhões de anos atrás.

Este tubarão-cobra de 1,5 metro de comprimento nada num tanque no Parque Marinho de Awashima após ser encontrado por um pescador numa baía em Numazu, Japão; em 21 de janeiro de 2007 (Parque Marinho de Awashima/Getty Images)
Este tubarão-cobra de 1,5 metro de comprimento nada num tanque no Parque Marinho de Awashima após ser encontrado por um pescador numa baía em Numazu, Japão; em 21 de janeiro de 2007 (Parque Marinho de Awashima/Getty Images)

Cientistas do Instituto do Mar e Atmosfera estavam trabalhando num projeto para acabarem com a prática de “capturas acessórias” – ou seja, peixes não desejados que são capturados por redes e frequentemente mortos inadvertidamente por pescadores comerciais que fazem pesca de arraste – quando eles encontraram esse fóssil vivo, informou o Daily Mail.

O tubarão-cobra não evoluiu nos últimos 80 milhões de anos (Parque Marinho de Awashima/Getty Images)
O tubarão-cobra não evoluiu nos últimos 80 milhões de anos (Parque Marinho de Awashima/Getty Images)

Em inglês ele é chamado de “frill shark” devido às seis fendas pregueadas de brânquias que se estendem por toda a sua garganta (a maioria dos tubarões tem uma abertura individual nos lados da garganta).

A característica mais distintiva deste tubarão, no entanto, são suas 25 fileiras de dentes tipo agulha, de acordo com o Newsweek. Os dentes apreendem com segurança suas vítimas, o que é difícil de encontrar nas profundezas em que vivem, de modo que o tubarão não pode deixar uma refeição potencial escapar.

O tubarão-cobra pode pairar, enquanto espera por uma presa, e então atacar como uma cobra (Parque Marinho de Awashima/Getty Images)
O tubarão-cobra pode pairar, enquanto espera por uma presa, e então atacar como uma cobra (Parque Marinho de Awashima/Getty Images)

Esses dentes são inúteis para mastigar, eles servem apenas para apreensão ou captura de uma presa. Os maxilares do tubarão são flexíveis, então, uma vez que eles abocanhem uma refeição, o tubarão pode engoli-la por inteiro.

O tubarão se alimenta principalmente de cefalópodes, lulas e polvos, mas também come peixe e até outros tubarões.

Ninguém jamais viu um tubarão-cobra se alimentar, mas cientistas no Centro ReefQuest para Pesquisa de Tubarões hipotetizam que, com base na forma e localização de suas barbatanas, o tubarão-cobra ficaria imóvel na água e então atacaria rapidamente como uma cobra quando a presa está em seu alcance.

Esses esguios tubarões vivem em profundidades de cerca de 50 a 1280 metros, embora um tenha sido capturado em mais de 1520 metros de profundidade. Eles raramente vêm à superfície. A maioria dos espécimes chega à superfície nas redes de pescadores comerciais.

O pescador russo Roman Fedortsov postou uma foto de um tubarão-cobra que foi arrastado por seu barco em 31 de outubro de 2016. As múltiplas fileiras de dentes são claramente visíveis.

A distribuição da espécie é ampla, estendendo-se pelo Atlântico da Noruega até o Brasil, bem como pelo Oceano Índico e Pacífico ao redor do Japão, Austrália e Nova Zelândia até o norte da Califórnia. Mas porque ele vive em grandes profundidades, suas espécies não foram descobertas até 1880, pelo ictiólogo alemão Ludwig Döderlein, que na época estava explorando o Japão.

O tubarão-cobra é considerado um “fóssil vivo”, porque não evoluiu desde os dias dos dinossauros. Este mesmo tubarão visto aqui poderia ser encontrado nadando nos oceanos do período Cretáceo, enquanto o Tiranossauro Rex andava pela terra.

Uma vez que ele morde sua presa, ela não conseguirá se desprender; 300 dentes em 25 fileiras certificam-se disso (Parque Marinho de Awashima/Getty Images)
Uma vez que ele morde sua presa, ela não conseguirá se desprender; 300 dentes em 25 fileiras certificam-se disso (Parque Marinho de Awashima/Getty Images)