Uma misteriosa doença que está matando cervos na América do Norte pode se espalhar entre os humanos, advertem cientistas.
A doença crônica de desgaste (CWD na sigla em inglês) é semelhante à doença da vaca louca, que eventualmente se transmitiu para humanos e matou centenas de pessoas.
CWD é uma desordem neurológica mortal conhecida por alguns como a doença “zumbi”, e pode acometer cervos e alces. Os animais afetados são fáceis de identificar quando estão perto da morte.
“Não é difícil distingui-los quando estão na fase final”, disse o Dr. Mark Zabel ao The New York Times. “Eles têm um olhar vazio, um andar cambaleante, suas cabeças e orelhas ficam caídas, pode-se observar também uma saliva espessa pingando da boca. Parecem com verdadeiros zumbis”.
A rádio norte-americana NPR informou que a doença foi observada pela primeira vez entre cervos cativos no Colorado em 1967 e desde então se espalhou para rebanhos selvagens em 24 estados e em algumas partes do Canadá. Também foi encontrado na Coreia do Sul e na Noruega.
Acreditava-se que os seres humanos eram imunes à doença, mas um novo estudo realizado no Canadá indicou que a doença poderia sim afetar pessoas.
O potencial do CWD “para infectar humanos não pode ser excluído”, informou a Agência de Produtos de Saúde e Alimentos, do Canadá (pdf).
A agência destacou que os testes revelaram que a doença, pelo menos em condições específicas, tem o potencial de atravessar a barreira da espécie humana. O experimento expôs 18 macacos à enfermidade de várias maneiras e descobriu que muitos dos primatas foram infectados. O estudo está em andamento.
Os períodos de incubação no estudo variaram de 4,5 a 6,9 anos, observou o site norte-americano de notícias The Tyee. Os macacos apresentaram sintomas que incluíam ansiedade, ataxia e tremores. Um dos macacos perdeu um terço de seu peso em seis meses.
“Ninguém deve consumir produtos de origem animal com uma doença priônica conhecida”, disse Stefanie Czub, pesquisadora especializada em príons da Agência Canadense de Inspeção de Alimentos, que liderou o estudo.
“Todos levam os resultados muito a sério, especialmente as agências reguladoras no Canadá e nos Estados Unidos. Os noruegueses também estão extremamente preocupados”.
Outros especialistas concordam que existe um risco, como Keith Poulsen, coordenador de extensão e diagnóstico do Laboratório de Diagnóstico Veterinário de Wisconsin.
“Estamos confiantes de que o risco é bastante baixo, mas não é zero”, disse Poulsen ao The State Journal. “Seria um erro ignorá-lo”.
Ele destacou que o CWD está relacionado a doenças que causam demência e morte em seres humanos. Tais doenças não são tratáveis.
A doença mostrou uma capacidade de mudar e permanecer nos animais durante anos antes de aparecerem os sintomas, por isso Poulsen aconselha os caçadores a examinar a carne dos cervos antes de consumi-la.
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