Cheiro de estresse humano torna cães mais pessimistas, diz pesquisa

O estudo foi realizado por veterinários do Reino Unido.

Por Redação Epoch Times Brasil
04/10/2024 22:47 Atualizado: 04/10/2024 22:47

Pesquisadores do Reino Unido, liderados por cientistas da Escola de Veterinária da Universidade de Bristol, na Inglaterra, descobriram que o cheiro exalado por humanos estressados torna os cães mais pessimistas e interfere nas decisões que tomam.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas submeteram voluntários humanos a um teste de estresse. Eles foram forçados a preparar e apresentar em público um discurso de cinco minutos de improviso, além de realizar uma tarefa de matemática sob pressão. 

Durante as apresentações, os pesquisadores mantiveram expressões sérias para aumentar a ansiedade.

Em outra sessão, os participantes puderam relaxar em uma poltrona confortável enquanto assistiam a vídeos de 20 minutos com cenas de florestas e praias. 

Em ambos os momentos, os pesquisadores colocaram panos em suas axilas, além de coletar amostras de saliva e respiração. A equipe também mediu a taxa de batimentos cardíacos e de cortisol dos humanos, que preencheram um questionário sobre seu nível de ansiedade. 

Durante os experimentos, 18 cães, sendo 11 dos voluntários humanos, foram treinados para reconhecer que, quando um pote de comida era colocado em uma determinada localização, ele continha sempre um petisco, enquanto outro pote, colocado em uma posição oposta, estava sempre vazio.

Os animais tinham idades que variavam de oito meses a dez anos. As raças incluíam dois Springer spaniels, dois Cocker spaniels, dois Labrador Retrievers, dois Braque d’Auvergne, um Whippet, um Golden Retriever, um Poodle Miniatura e sete cães de raça mista.

Com o tempo, tornaram-se rápidos ao se aproximar do pote cheio e lentos ao se dirigir ao vazio.

Em seguida, os pesquisadores mudaram o cenário. Os dois potes foram removidos e um terceiro foi colocado no meio das duas localizações, criando o que eles chamam de um cenário ambíguo. 

Os donos dos cães entraram com os panos suados e os pesquisadores realizaram os testes várias vezes, alternando a cada 20 segundos os cheiros de estresse e relaxamento antes de soltar os cães na sala.

Os panos dos humanos ansiosos fizeram com que os cães fossem mais lentos ao se aproximar dos novos potes colocados perto da localização que eles reconheciam como do pote vazio. 

Isso sugeriu aos cientistas que eles estavam menos propensos a acreditar que esses potes continham algum petisco. Por outro lado, o cheiro dos humanos relaxados não pareceu ter efeito no comportamento dos animais.

“Compreender como o estresse humano afeta o bem-estar dos cães é uma consideração importante para cães em abrigos e durante o treinamento de cães de companhia e cães para funções de trabalho, como os cães de assistência”, destacou a professora sênior da Universidade de Bristol e autora principal do artigo, Dra. Nicola Rooney. 

O estudo, que também contou com a parceria da Universidade de Cardiff, no País de Gales, e da instituição de caridade britânica Medical Detection Dogs, foi publicado em julho na revista Scientific Reports

“Algumas pessoas já analisaram se os cães conseguem realmente detectar diferenças nos odores. E eles conseguem. Mas ninguém havia investigado como isso afeta as emoções dos cães,” disse a veterinária da Universidade de Bristol e coautora do estudo, Dra. Zoe Parr-Cortes. 

Os cães são conhecidos por seu extraordinário olfato, que é até 10 mil vezes mais sensível que o dos humanos. Graças a essa habilidade, esses animais desempenham papéis essenciais em operações militares e policiais, como na detecção de bombas, localização de pessoas desaparecidas e identificação de doenças. Agora, a ciência também reconhece que os cheiros podem influenciar suas personalidades.

“É importante ressaltar como os cães estão sintonizados para perceber o humor,” destacou Parr-Cortes. “Portanto, manter um relacionamento com seu cão baseado em reforço positivo e em interações felizes e divertidas é a melhor maneira de ter um bom relacionamento e um cão feliz.”