Bateria de diamante criada no Reino Unido pode durar mais de 5 mil anos

Tecnologia transforma lixo nuclear em energia limpa e contínua, com aplicações em satélites, marcapassos e sensores de longa duração.

Por Redação Epoch Times Brasil
06/12/2024 16:10 Atualizado: 06/12/2024 16:10

Pesquisadores britânicos deram um passo importante na criação de uma fonte de energia limpa e de longa duração. Uma equipe da Universidade de Bristol, em colaboração com o UK Atomic Energy Authority (UKAEA), desenvolveu a primeira bateria feita com um diamante artificial, alimentada por um isótopo radioativo de carbono-14.

Sarah Clark, diretora do Tritium Fuel Cycle na UKAEA, destacou: “As baterias de diamante oferecem uma maneira segura e sustentável de fornecer níveis contínuos de energia na faixa de microwatts.”

Essa nova tecnologia permite transformar o lixo nuclear em um recurso valioso de geração de energia.

Essa bateria de diamante se diferencia por usar a radiação emitida pelo carbono-14, gerando eletricidade de forma direta e sem a necessidade de partes móveis.

A técnica é comparável a um painel solar, mas, em vez de aproveitar a luz, captura a energia liberada pelos elétrons de alta velocidade durante o decaimento radioativo.

Tom Scott, professor da Universidade de Bristol, disse: “Não há partes móveis envolvidas, não há emissões geradas e não há manutenção necessária, apenas geração direta de eletricidade.”

As aplicações potenciais desta bateria são vastas.

Ela poderá ser utilizada em dispositivos que exigem fonte de energia constante e de longa duração, como marcapassos, satélites e espaçonaves, onde a troca de baterias é impraticável ou perigosa.

Além disso, drones de alta altitude e sensores em locais remotos também se beneficiariam da capacidade desse dispositivo de operar por milênios.

Atualmente, o Reino Unido armazena aproximadamente 95 mil toneladas de blocos de grafite que contêm carbono-14, resultantes de processos de geração de energia nuclear.

Ao retirar esse material radioativo dos blocos e encapsulá-lo em diamantes artificiais, os cientistas não apenas encontram uma forma segura de reutilização desse lixo radioativo, como também reduzem a radioatividade dos blocos, o que facilita seu armazenamento futuro.

O dr. Neil Fox, químico envolvido no projeto, explicou: “Carbono-14 foi escolhido como fonte material porque emite uma radiação de curto alcance, que é rapidamente absorvida por qualquer material sólido. Isso tornaria perigoso ingerir ou tocar diretamente, mas, quando encapsulado em diamante, nenhuma radiação de curto alcance pode escapar.”

Quando contido em diamantes – o material mais duro conhecido pela humanidade – não existe risco de vazamento de radiação.

Apesar da potência ser pequena em relação a baterias convencionais, a vida útil extremamente longa é o que torna essa inovação promissora.

Uma bateria contendo 1 grama de carbono-14 tem potencial para durar mais de cinco mil anos antes de perder metade de sua capacidade.

O desenvolvimento das baterias de diamante é visto como uma solução para enfrentar o dilema dos resíduos nucleares e, ao mesmo tempo, fornecer uma fonte sustentável e segura de energia.

Os cientistas também incentivam o público a contribuir com ideias sobre possíveis aplicações para essa nova tecnologia, utilizando a hashtag #diamondbattery nas redes sociais.