Cientistas e representantes culturais na Nova Zelândia estão diante de uma oportunidade extraordinária: desvendar os mistérios da baleia-de-dentes-de-espada, a mais rara do mundo.
Apenas sete exemplares dessa espécie foram registrados até hoje, tornando esse estudo um marco histórico para a ciência.
A chance surgiu com a descoberta de um exemplar quase intacto em uma praia do país, o que permitiu iniciar uma análise inédita e repleta de expectativas.
Um enigma das profundezas oceânicas
Pouco se sabe sobre a baleia-de-dentes-de-espada. Onde vive, o que come e até como funciona seu sistema nervoso permanecem mistérios intrigantes.
Pesquisadores acreditam que esses animais habitem as profundezas do Oceano Pacífico Sul, mas sua natureza esquiva os torna praticamente invisíveis.
Essa é a primeira vez que um espécime dessa espécie será estudado em detalhe, e as possibilidades de descoberta empolgam os especialistas.
“Pode haver parasitas completamente novos para a ciência que vivem apenas nesta baleia”, celebrou Anton van Helden, especialista em ciências marinhas.
“Não consigo descrever o quão extraordinário isso é”, completou.
Tradição e ciência de mãos dadas
Mais do que um esforço científico, o estudo reflete uma parceria cultural única. Os Māori, povo indígena da Nova Zelândia, participam ativamente do processo.
Para eles, as baleias são um taonga (tesouro sagrado) e merecem o máximo respeito.
“De acordo com nossas crenças e tradições, esta baleia é um presente de Tangaroa, divindade do oceano”, disse Tumai Cassidy, do povo Te Rūnanga Ōtākou.
Antes do início da dissecação, um ritual de oração foi realizado para honrar o animal e sua importância simbólica.
Novos horizontes para a ciência
Além de contribuir para o conhecimento da espécie, os cientistas esperam que as descobertas tragam avanços em áreas como conservação marinha e saúde humana.
“Ao descobrir como eles vivem, esperamos encontrar descobertas que possamos aplicar de volta à condição humana”, destacou a anatomista Joy Reidenberg, da Icahn School of Medicine no Mount Sinai em Nova Iorque.