O Departamento de Conservação da Nova Zelândia (DOC) e a tribo Ngāi Tahu comemoraram a reintrodução da ave takahē, considerada extinta por quase 50 anos, em seu habitat natural.
Dezoito exemplares da espécie foram soltos na Greenstone Station, uma propriedade tribal na região de Otago, em uma tentativa de estabelecer uma nova população selvagem desta ave pré-histórica.
O evento ocorreu em agosto de 2023 e contou com a presença de líderes tribais e autoridades do governo.
O takahē, uma ave não voadora endêmica da Nova Zelândia, foi considerado extinto desde o final do século XIX, até ser redescoberto em 1948 nas Montanhas Murchison, Fiordland, pelo dr. Geoffrey Orbell e sua equipe.
Desde então, a espécie se tornou símbolo dos esforços de conservação do país. Atualmente, a população total de takahē aproxima-se de 500 indivíduos, crescendo cerca de 8% ao ano, mas ainda precisa de novos territórios para garantir a sua sobrevivência a longo prazo.
A reintrodução desses 18 exemplares em Greenstone Station marca um importante passo na estratégia de recuperação da espécie, que já conta com populações em sete ilhas e outros locais no continente.
A região foi escolhida por suas semelhanças ao habitat original dos takahē, com gramados alpinos e baixas taxas de predadores, tornando o ambiente ideal para a sobrevivência dessas aves.
Segundo Deidre Vercoe, gerente de operações do programa de recuperação do takahē, a criação de uma nova população selvagem é um passo crucial para a recuperação desta espécie que está retornando ao seu habitat ancestral.
Para o povo Ngāi Tahu, o retorno do takahē à Greenstone Valley é um evento de grande valor cultural e espiritual.
A área possui importância histórica, sendo uma antiga rota de comércio e fonte de recursos alimentares.
Tā Tipene O’Regan, líder do Ngāi Tahu, afirmou que a reintrodução da espécie representa um renascimento simbólico, reforçando os laços com as terras ancestrais.
Os esforços de conservação têm sido realizados por meio de parcerias entre o DOC, Ngāi Tahu, e parceiros privados como Fulton Hogan e o New Zealand Nature Fund.
A colaboração entre organizações e a comunidade tem sido essencial para evitar a extinção do takahē e garantir sua recuperação em um ambiente que reflete suas condições naturais de sobrevivência.
A ave, considerada um relicto da fauna pré-histórica, é a maior rálida viva do mundo. Ela se distingue pelo porte robusto, plumagem azul-esverdeada e bico vermelho característico.
Sua sobrevivência, no entanto, está ameaçada pela perda de habitat e pela predação de animais introduzidos, como arminhos.
Graças à reintrodução e ao manejo dos predadores, a expectativa é que a população de takahē continue crescendo e ocupando novas áreas de seu habitat original.
Ameaças e desafios para a conservação
O takahē enfrenta diversas ameaças naturais e introduzidas.
Além da perda de habitat, a predação por arminhos e a competição por alimento com espécies introduzidas, como os veados vermelhos, representam sérios desafios.
Em Fiordland, os esforços para controlar a população de veados têm sido fundamentais para permitir a regeneração dos gramados alpinos que constituem a base da dieta do takahē.
Além disso, programas de captura e manejo de arminhos foram ampliados para reduzir a ameaça aos indivíduos jovens e aos ovos.
A restauração de habitats e a criação de novas áreas seguras são essenciais para garantir a sobrevivência do takahē.
As populações atuais são monitoradas de perto com o uso de dispositivos de rastreamento e programas de reprodução controlada.
O DOC também realiza ações de educação e conscientização para envolver a comunidade local na conservação da espécie, promovendo um senso de responsabilidade coletiva em torno do futuro do takahē.
História da redescoberta do takahē
A redescoberta do takahē foi em 1948, após décadas sem registros da espécie, acreditava-se que a ave estivesse extinta.
No entanto, o dr. Geoffrey Orbell, motivado por relatos de avistamentos e pela determinação de localizar o takahē, organizou uma expedição que culminou na redescoberta da espécie nas Montanhas Murchison, perto do Lago Te Anau.
A notícia da redescoberta do takahē se espalhou rapidamente e despertou o interesse de conservacionistas e do público em geral, levando ao estabelecimento de programas de preservação que continuam até hoje.
Parcerias e futuro da conservação
A parceria entre o DOC e a tribo Ngāi Tahu é fundamental para o sucesso da recuperação do takahē.
A colaboração também envolve organizações privadas, como o Mitre 10, que apoia financeiramente o programa Takahē Rescue, fornecendo recursos para iniciativas de manejo e educação.
O futuro da espécie depende do contínuo suporte dessas parcerias e do compromisso coletivo com a conservação.
O objetivo a longo prazo do programa é estabelecer múltiplas populações autossustentáveis em ambientes protegidos e, eventualmente, em áreas maiores de habitat nativo.
Esse esforço simboliza não apenas a recuperação de uma espécie, mas também a preservação do patrimônio natural e cultural da Nova Zelândia.