Astrônomos registram imagens inéditas de supergigante vermelha fora da Via Láctea

Estrela é 2 mil vezes maior que o Sol e está a 160 mil anos-luz da Terra.

Por Redação Epoch Times Brasil
22/11/2024 13:22 Atualizado: 22/11/2024 13:22

Astrônomos conseguiram imagens inéditas da região mais interna ao redor da estrela supergigante vermelha WOH G64, localizada na Grande Nuvem de Magalhães. A estrela observado está fora da Via Láctea a 160 mil anos-luz e uma das maiores estrelas observadas até hoje

O estudo, publicado na revista Astronomy & Astrophysics, fornece novos detalhes sobre o ambiente estelar desta estrela massiva. As imagens revelam características surpreendentes de sua emissão de luz e estrutura de poeira.

A WOH G64 é uma das supergigantes vermelhas mais brilhantes da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha à Via Láctea, e possui cerca de 2 mil vezes o tamanho do nosso sol.

Supergigantes vermelhas são estrelas que se encontram em um estágio avançado de sua vida, perdendo massa em taxas altíssimas antes de eventualmente explodirem como supernovas.

O estudo revelou mudanças na estrutura do ambiente ao redor da estrela, sugerindo a formação de poeira quente em suas proximidades—ainda não vistas em observações anteriores feitas com outros instrumentos.

As observações foram realizadas em dezembro de 2020, utilizando o GRAVITY, um dos instrumentos mais avançados de interferometria infravermelha. Esse equipamento é capaz de capturar imagens em altíssima resolução.

Pela primeira vez, os cientistas conseguiram imagens detalhadas do ambiente ao redor de uma supergigante vermelha fora da Via Láctea, revelando uma emissão compacta e alongada ao redor da estrela. As dimensões desta emissão foram estimadas entre 13 e 9 vezes o raio da própria estrela.

Mudanças dramáticas no espectro da estrela

Os dados revelaram mudanças significativas na emissão de luz infravermelha da estrela desde as últimas observações feitas em 2005 e 2007.

Observações mais recentes mostraram que a estrela está agora envolta em uma espessa camada de poeira, que bloqueia grande parte da luz emitida por seu núcleo. As análises indicam que, entre 2009 e 2016, houve uma formação intensa de nova poeira quente, o que contribuiu para o aumento da opacidade e diminuição da visibilidade da estrela no espectro infravermelho próximo.

Segundo os astrônomos, a formação dessa nova poeira pode ser explicada pela condensação de grãos minerais que se formam próximos à estrela.

Esses grãos são mais transparentes e se acumulam em regiões mais próximas do núcleo. As observações sugerem ainda que o ambiente ao redor de WOH G64 não é simétrico. Isso levanta a hipótese de que um fluxo bipolar de material—ou mesmo a interação com uma companheira invisível—esteja contribuindo para a formação de uma estrutura alongada de poeira e gás.

Importância da pesquisa

WOH G64 se tornou alvo de muitos estudos por apresentar um excesso de emissão no infravermelho e uma taxa de perda de massa extremamente alta.

Isso faz dela um exemplo-chave para compreender como estrelas massivas evoluem e como se formam as estruturas de poeira que as envolvem. O estudo realizado com o GRAVITY mostra que a formação de poeira quente pode ocorrer rapidamente e perto da estrela, alterando significativamente seu brilho e as características observáveis do ambiente estelar.

Com o avanço das técnicas de observação, como a interferometria de alta resolução, os cientistas estão cada vez mais próximos de entender os complexos mecanismos de perda de massa e evolução das estrelas gigantes vermelhas. E isso não se restringe apenas à nossa galáxia, mas também a outras galáxias próximas.